quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Contestado

Você encontrará um resumo sobre a guerra do Contestado, no link acima.

Um visionário na corte de D. João V

FUNEDI/UEMG/ISED
Disciplina: História de Minas.
Professor: Leandro Pena Catão.
Aluno: Geraldo Henrique de Mesquita.
5º período do curso de História.

Resenha do Livro “Um visionário na corte de D. João V: Revolta e milenarismo nas Minas Gerais”.
Adriana Romeiro.
Ed. UFMG.
286 páginas.


Adriana Romeiro é a historiadora que provou o quanto é boa escritora e soube, graças ao seu trabalho com as fontes que se encontravam dispersas, fazer a ligação entre os fatos e traçar um perfil desse seu personagem: Pedro de Rates Henequim. Um homem que se envolveu com uma trama em que havia o milenarismo e o desejo de poder, que buscava por meio de suas redes clientelares alcançar seus objetivos. Como todo visionário ele falava muito e alardeava seu ponto de vista e opinião por toda parte.
Pedro de Rates Henequim, é o grande personagem do livro, que no século XVIII, se vê as voltas com o tribunal da Santa Inquisição, que após investigações, buscas, interpretações e averiguações encontra nele um heresiarca, que é destinado a ser queimado vivo posto que não renúncia de suas crenças e não volta atrás em suas opiniões. É queimado vivo, no fogo ardente em 1744, no Campo da lã.
A Santa Inquisição é a grande doutrinadora, ajustadora de condutas e aplicadora da justiça no campo religioso e no que se refere às heresias.
As acusações que pesam sobre Henequim são as de[1]:
“... os irmãos Santa Marta fazem um relato extremamente detalhado das proposições heréticas de Henequim. Acusam-no de defender o concubinato, a fornicação simples, o uso da cabala para a perfeita inteligência das escrituras, a existência de anjos machos e fêmeas e a provisoriedade das penas do inferno.”
Henequim tinha uma visão nada ortodoxa do mundo que o circunda e vê tudo com olhos críticos, e procura questionar o mundo a sua volta e as verdades propostas. Sua visão de mundo é fruto das mais variadas experiências e do contato com pessoas que comungavam das mais diversas opiniões e crenças espirituais. Ele era um produto bem acabado do meio em que viveu e de sua interação social, religiosa, econômica, etc.
Se analisarmos as diversas situações e pessoas com que Henequim teve contato, se observamos sua visão milenarista e revolta com o status quo do mundo em que viveu, notaremos que ele é um estudioso aberto ao diálogo, tolerante com as religiões que existem no mundo e busca encontrar nelas uma raiz comum. Isso leva-o a entender o mundo que o cerca usando de suas luzes pessoais, seus estudos e idéias compartilhadas com todos aqueles que conheceu e travou debates.
Sua crença de se estabelecer o Quinto Império do qual trata o livro bíblico do profeta Daniel o fez ver na figura do Infante D. Manuel, irmão de D. João V, o homem necessário e capaz de estabelecer nos trópicos brasileiros este tão esperado governo.
A autora traça um perfil completo a respeito de D. Manuel, este homem que provou seu valor em batalhas e esteve sempre envolto em tramas, sempre desejoso de alcançar um reino para si. Parece-nos, como coloca a autora que D. Manuel seria capaz de muitas coisas para conseguir ser rei. Henequim parece saber disso e procura por muitos meios encontrar o infante para poder mostrar a sua opinião e demonstrar a possibilidade de se estabelecer um Império firme e duradouro no Brasil.
Conhecedor da vida do Infante D. Manuel, Henequim via nele todas as características necessárias a um grande imperador.
Henequim teve contato com várias pessoas, que de uma forma ou de outra fez crescer dentro de si a certeza madura de que o mundo poderia ser diferente, que este mundo precisava ser modificado; para haver uma convivência pacifica entre os povos. Ele tinha a crença de que a volta do Messias estava próxima e que seria coroada com a chegada de um governante ideal, no paraíso terreal que era o Brasil.
O povo setecentista era crédulo, sentia-se envolvido fortemente pelo manto da religião e procurava ver, entender e resolver quase tudo por meio dela. É possível perceber no livro a supremacia européia do cristianismo sobre todas as religiões e a intolerância dos ditos cristãos aos que professavam outra fé. O judaísmo era visto com desconfiança. Havia uma distinção entre Cristão novo e Cristão velho, em Portugal, que criava e mantinha preconceitos. Quando da existência de alguma heresia que grassava por lá, acreditava-se ser os cristãos novos, que eram judeus que haviam-se convertido ao cristianismo, os principais envolvidos, os primeiros suspeitos por difundir essas crenças dentre o povo.
Henequim não era nenhum exemplo de homem bom, de conduta exemplar. O que o diferenciava de outros homens ou colocava um pouco a frente do seu tempo era a sua visão do mundo. Uma visão que se baseava na liberdade de opinião. Ele, aliás, fora acusado de abusar de uma menina de quatorze anos, cuja sogra o obriga debaixo de ordem policial a se casar. Com essa menina ele tem 2 filhos.
Henequim acreditava que o cristianismo precisava ser purificado. O judaísmo com suas festas tradições e costumes que eram mantidos intactos ao longo de toda a sua existência estava mais próximo desta religião primitiva, dos tempos iniciais do cristianismo. Acreditava que o cristianismo estava se corrompendo adotando novas práticas e a exegese sucessiva dos padres sobre a escritura contribuía muito para isso. Ele era mais ligado à ciência, a astronomia, a observação dos astros onde procurava explicações para as mudanças ocorridas no mundo. Acreditava também que Deus deixava sinais nos astros para o homem poder observar e corrigir sua conduta temporal.
Das muitas pessoas que tivera contato, ou pessoalmente, ou com sua obra, dentre eles alguns jesuítas, judeus, cristãos novos, etc. A título de exemplo, ele tinha conhecimento da obra do Padre Antonio Vieira, que, aliás, foi um padre que passou pelos tribunais da Santa Inquisição. Padre Antonio Vieira era conhecido por suas obras de conteúdo milenarista e por ver nas escrituras coisas diferentes do que a exegese dominante de sua época. Fora levado às barras do tribunal religioso da Santa Inquisição. Mas podemos claramente perceber que mesmo depois de morto, e suas obras sendo criticadas e não aceitas pela Igreja, seu pensamento continuou a circular e encontrava-se muitos que o liam e difundia as idéias presentes em sua obra.
A igreja pregada por Padre Antonio Vieira seria aquela baseada na solidariedade e no espírito de comunidade que deveria haver entre seus membros.
É certo que no Brasil, assim como também em Portugal, as crenças milenaristas, a colocação dos idílios e sonhos da Igreja (Diga-se sonhos dos visionários que viam uma situação catastrófica da fé como a disseminação do pecado e a corrupção dos costumes) colocava tudo, por difícil que se parecia, em uma situação que só um milagre poderia resolver. Esses milagres eram esperados. Havia a crença na volta tão esperada do Rei de Portugal D. Sebastião que a quase dois séculos havia desaparecido em batalha, mas no entanto apesar de tanto tempo sem qualquer notícia sua, haviam muitos que o aguardavam para tomar seu lugar ao trono. Muitos pensavam que a volta do Messias como se prega nos livros do novo testamento estava próxima, pois os sinais estavam claros.
Os judeus, muitos sobre o manto de cristãos novos esperavam a vinda do Messias pregado em seu livro sagrado, e a crença de que nem todas as profecias do antigo testamento não haviam acontecido era tido como prova da sua iminente vinda.
Henequim acredita que o Paraíso Terreal fica no Brasil e que ali era o lugar destinado a construção do Quinto Império. Ele intenta em um ato que seria considerado de “lesa majestade”, imbuir o irmão do Rei de Portugal a assumir o propósito de criar no Brasil um Império forte, destinado a ser o mais forte do mundo, onde certamente as tribos de Israel desaparecidas ou espalhadas no mundo poderiam se encontrar e ajudar na formação desse Império fadado ao sucesso. As muitas lendas, e ou fatos que não puderam ser documentados a respeito da localização de membros destas tribos ajudaram a aumentar a especulação dos visionários da época e certamente serviram de fermento para rebeliões, ou construção de teorias a respeito da vinda do Messias: como por exemplo, o sabatismo, o sebastianismo e outras.
Pode se dizer que as Minas Gerais Setecentista da época onde se descobriu o ouro e este era encontrado com abundância e facilidade, era um palco de revoltas, crimes e pensamentos que desviam do que era considerado politicamente ou religiosamente corretos dos estabelecidos e enaltecidos pela metrópole. O conde de Assumar que o diga, pois no período em que fora Governador das Minas Gerais teve que lutar contra muitas revoltas. O próprio Conde de Assumar percebia o caráter sedicioso dos habitantes das Minas. O ouro por intermédio da fortuna por ele trazido fazia com que pessoas dos mais variados níveis econômicos e sociais viessem até as Minas Gerais, na esperança de se enriquecer ou aumentar mais ainda seus cabedais. Nestas paragens vieram por os pés várias pessoas com os pensamentos mais diversos e que tiveram contato com o minerador Henequim. Essas pessoas contribuíram enormemente para a formação do Arcabouço do imaginário milenarista de Henequim.
Sem dúvida, o que o levou a fogueira da Santa Inquisição, o nosso personagem, foi as heresias por ele professadas. O fato de ele querer influir ou conspirar junto com o Infante D. Manuel, foi relegado a segundo plano mesmo porque isso não se efetivou. É claro que não seria desejável que todos soubessem que havia uma intenção de conspiração contra o rei, pois isso abriria um processo investigativo que deveria ser entregue ao braço secular da lei a fim de levantar todos os fatos e pessoas envolvidas neste propósito. Seria, portanto, melhor para a coroa portuguesa não alardear que o próprio irmão do rei era um desejoso de poder e que para isso ousava conspirar até mesmo dentro dos domínios reais. Além do mais as heresias encontradas no pensamento de Henequim eram mais que suficientes para queimá-lo na fogueira. Entregá-lo ao braço secular da lei abriria um debate, suspeitas, especulações a respeito de pessoas que ocupavam altos cargos e o resultado não seria bons para estes. O melhor que se tinha a fazer era queimá-lo como heresiarca.
Adriana Romeiro deixa nos claro que não havia um pensamento uniforme dentro da Igreja. Havia padres, religiosos e pessoas comuns que entendiam a religião de forma diferente. Nisso a Santa Inquisição parece ser um meio nem sempre eficaz para manter o pensamento dominante, considerado o correto.
Apesar de várias pessoas terem sido queimadas pelo fogo da Santa Inquisição, isso não garantiu que os que a ela escaparam mudassem seu pensamento. Só fez com que as pessoas que pensavam diferente do considerado certo tomasse mais cuidado ao emitir opinião sobre qualquer coisa.
A autora fala também da participação de Henequim na guerra dos Emboabas e sustentam que todos os emboabas, ou seja todos que não eram nativos do Brasil, estiveram envolvidos direta ou indiretamente nesta guerra, cujos os motivos era a disputa pelas minas de ouro.
Henequim é um personagem real, que nos mostra a heterogeneidade do pensamento da época e os conflitos religiosos que se propagavam em seu tempo. Ele é um fruto de seu tempo, mas que está além dele. Seu pensamento é diferenciado da grande maioria de homens de seu tempo. Ele é um homem ambicioso e que com muita coragem, mesmo diante da possibilidade de perder sua vida pelo que peso de suas opiniões nunca volta atrás no que ele diz.
Através da análise do personagem Henequim, Adriana Romeiro, busca relações com o mundo e as pessoas da época, inclusive as elites. Mostra-nos que o mundo parece pequeno quando aparece idéias ambiciosas como as deste astuto e corajoso personagem. Apesar de os meios de comunicação da época serem precários a difusão de idéias era bem rápida.

Bibliografia:
ROMEIRO, Adriana. Um visionário na corte de D. João V. Revolta e milenarismo nas Minas Gerais. Ed. UFMG.. Belo Horizonte. 2001.














Geraldo Henrique de Mesquita.
[1] Página 28. Um visionário na corte de D. João V: Revolta e milenarismo nas Minas Gerais.

Terrorismo x globalização

FUNEDI/UEMG/ISED
Disciplina: História e Etnia: Configurações do Mundo Árabe.
Professora: Flávia Lemos Mota de Azevedo.
5° Período do Curso de História.
Aluno: Geraldo Henrique de Mesquita.

Artigo:

Democracia x Terrorismo no mundo moderno globalizado.

Apresentação do Argumento do Artigo:
Meu argumento é que a democracia, fruto desejado dos governos onde há liberdade de expressão, liberdade de ir e vir, de professar uma religião, baseado no direito de ser respeitado e no dever de respeitar as pessoas; suas crenças e sua cultura; só pode ser conquistada e ou mantida onde se tem uma ética de respeito mútuo. Só há democracia onde são combatidas e anuladas todas e quaisquer lutas armadas terroristas. Onde se usa armas, pessoas, equipamentos com a função de destruir sem qualquer aviso; sem diferenciar civis de militares, inocentes de culpados não pode haver democracia.
Pretendo conceituar o que no mundo de hoje nos parece ser a democracia, diferente da democracia do período clássico grego e o que nós entendemos por terrorismo. Além disso, conceituarei o que me parece ser formas de terrorismo, os personagens do terrorismo, o ponto de vista dos terroristas, o perigo do terrorismo ser apoiado por algum Estado Nacional, bem como as possibilidades que temos para combater o terrorismo assim como os caminhos mais eficazes a serem tomados para combatê-lo. Sem, contudo, esquecer em que a globalização tem contribuído para aumentar o terrorismo e em que ela pode ajudar em seu combate.
Analisarei também a relação de poder do mundo ocidental com o oriental comparando e levantando hipóteses a respeito da importância econômica do mundo oriental, as diferenças culturais, as semelhanças comportamentais, a religião, a política, o petróleo, as relações comerciais, com o ocidente, etc.
Para escrever este artigo utilizarei do livro de Eric Hobsbawm "Globalização, Democracia e Terrorismo", do livro "Sobre o Islã. A afinidade entre Muçulmanos, judeus e Cristãos e as origens do terrorismo", de Ali Kamel, e de filmes como "Paradise Now", "Sihiana", "Fahrenheit, 11 September", etc. O artigo terá um caráter de reflexão sobre os acontecimentos contemporâneos a nossa vida e procurará expressar a minha opinião que ora concordará com autores e filmes e outras vezes irá diferir.
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Quando assistimos estarrecidos o ataque de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center e percebemos que sem aviso algum uma nação presupostamente democrática fora atacada, imaginamos imediatamente que mundo não estava mais seguro, pois não é preciso mais uma declaração de guerra ou algo assim para se ter uma ataque que foi denominado incontinenti “terrorista’’. A ética da guerra foi quebrada. Ficamos tentando entender o que havia ocorrido, pois a televisão com o seu grande poder de comunicação imediato nos mostrou em cores vivas uma situação incontestavelmente triste. Nós pobres mortais não podemos perceber de imediato o significado dessa ação extremamente violenta. Não que não que nunca houvesse havido outros ataques dessa natureza no longo curso da história mundial que houvesse causado tamanhos estragos. Na verdade houve outros ataques a inocentes, a civis sem qualquer aviso, que causou um estrago maior, deixou feridos, uma memória de sofrimento e dor, só que daquela feita os autores eram os Estados Unidos que desesperadamente visava por fim a uma guerra, que queria indubitavelmente mostrar seu poderio militar para o mundo, como foi o caso de Hiroshima e Nagasaki, no Japão no transcorrer da 2ª grande guerra mundial. E isso foi um ato que despertou um grande medo e horror no mundo. Os Estados Unidos naquela feita queria mostrar que era contrario a governos autoritários, e que eram a favor da democracia. Uma democracia baseada na liberdade, no voto, na livre expressão das idéias. Ironicamente defende-se a democracia com atos de autoritarismo e com absoluta falta de respeito a vida humana.
Agora depois do 11 de setembro de 2001, volta-se uma vez mais a se falar em democracia. O país que alardeia para que todos possam ouvir que é um pais democrático, um país de oportunidades, um país de direitos iguais é atacado em casa, sem poder revidar imediatamente, sem ter certeza de que o atacou. Este ataque talvez de certa forma tenha sido feito para mostrar que ninguém esta a salvo, a ponto de dizer que não pode ser atingido por nenhum outro país por se tratar da maior potência militar e nuclear do mundo.
Se rememorarmos a Grécia no Período Clássico de sua história poderemos perceber que a democracia era o governo do povo. Mas quem era o povo? Respondendo a essa pergunta digo que povo era quem tinha propriedade, quem tinha o direito ao voto, era todo o cidadão que não era filho de escravo e era filho de pai e mãe proveniente da Pólis onde habitava. Só quem tinha propriedade tinha tempo para o exercício de sua cidadania, só quem se dedicava ao ócio podia dedicar seu tempo às atividades políticas. Os cidadãos gozavam da isogoria e da isonomia. As mulheres eram consideradas entes inferiores, e os escravos passavam por um processo de coisificação: ficavam alheios a todo esse processo.
A democracia de hoje em dia é diferente, diz-se que todos são iguais, nascem iguais, tem os mesmos direitos e os mesmos deveres. Entretanto apesar do direito de voto e de opinião ser comum a todos e vivermos numa sociedade em que legalmente não há escravos. Percebemos que uns são mais iguais que os outros, que o poder econômico e político e o interesse de grandes empresários, dos grandes conglomerados, das elites, etc. é que se sobrepõem aos demais e usando da mídia convencem e fazem valer seus pontos de vista e seus interesses. Vivemos em um mundo globalizado, o mundo da informação, da informação em tempo real. A globalização tem mostrado seus efeitos grandemente no comércio internacional, rompendo barreiras legais e protecionistas. Além de trazer o novo, o inusitado para dentro da casa de cada um. Essa globalização tem atingido principalmente os países mais industrializados, com maior poder de compra. Os paises menos industrializados e não protegidos por barreiras alfandegárias ou tributações extras acabam por receber apenas produtos, valores, idéias, propagandas e toda sorte de meios de que se lançam mãos os empresários que possuem hoje um capital virtual, sem pátria, que investe em um e em outro país sem tem qualquer preocupação social ou humana com os habitantes desse “país alvo”. Assim como o capital tem se mostrado volátil e fugitivo ao menor sinal de instabilidade econômica onde é investido e têm facilidade de entrar e sair, também assim são as pessoas que conhecendo a realidade dos diversos países do mundo encontram maior facilidade para viajar, estudar e trocar experiências com pessoas dos mais variados lugares do globo. Como a informação e o capital o terrorismo e seus focos também não tem pátria, estão onde seus interesses sem encontram.
Fico observando a facilidade que encontraram os seqüestradores dos aviões da American Air Lines para entrar nos Estados Unidos. É claro que tudo foi facilitado pelo poder de organização e a grande disciplina destes terroristas e do grupo que faziam parte. Não é mais preciso ter armas, ter grandes bombas, muito material explosivo, armas químicas, é preciso antes de tudo disciplina, organização e planejamento na execução de um plano como foi provado no caso do ataque ao World Trade Center. O filme “WTC. Por trás do 11 de setembro “ mostra como pessoas comuns, nascidas em famílias ricas, cujos familiares não têm nenhum histórico de participação em guerras, ataques terroristas, não são fervorosos seguidores do Islã, tem uma vida relativamente parecida com a de muitos ocidentais ; podem se enveredar para o caminho do extremismo religioso. Não se pode culpar nenhuma religião por atos de terrorismo, pois isso não está escrito textualmente em nenhuma religião que tem um livro sagrado, é tudo questão de interpretação, é questão de filiação política[1]. E a política de nenhuma forma se desvincula da religião na visão desses “terroristas”. O povo mulçumano em sua grande maioria não é assim. Apesar de se sentir injustiçados pelas invasões de territórios que anteriormente eram sabidamente seus, não agem assim desta forma que nós ocidentais pensamos ser um total desrespeito a vida humana. Nós ocidentais nos queixamos dos outros os “orientais” dizendo que não respeitam a democracia, mas devemos ver que pelo menos respeitam um pouco mais a vida humana. Os massacres feitos por extremistas islâmicos, apesar de terríveis não alcançaram o enorme grau de crueldade ocidental.

A democracia, não parece elemento suficiente para a manutenção ou deposição de algum governo. O respeito à vida deveria ser além da democracia outro item a ser observado. O fato é que em nome de uma democracia, em nome de se dar o direito a uma população de um determinado país, se manda tropas para lá, se derruba seus governantes, destrói-se pontes estradas, afugenta seu povo, invade casas, se prende e ou mata pessoas, e toma-se conta da economia daquele país fazendo acordo comerciais, estabelece-se indústrias estrangeiras que a pretexto de ajudarem estruturar o país cujos líderes foram derrotados e seus simpatizantes e colaboradores destituídos de poder. Acabam por sugar as riquezas e os recursos naturais daqueles países. Em nome da democracia insisti-se a dar guerra a países que não tem como agredir ou interferir no interesses dos “invasores”.
O terrorismo tem servido de desculpa para essas invasões e se procura por todos os lados indícios que este ou aquele país esteja colaborando com grupos extremistas religiosos, produzidos bombas, artefatos ou qualquer outro projeto ofensivo que possa atentar contra a democracia. Noutros tempos se combatiam em nome de Deus, em nome da fé católica, em nome de crenças, onde se pensava que uma cultura era superior à outra. Vimos que se observarmos isto pouca coisa mudou. Continua-se a serem praticados atos de extrema violência de parte a parte do globo. Isso nos faz pensar o que é o terrorismo. Se as pessoas, se os países que dizem combater pela democracia não são tanto ou mais terroristas que os tachados terroristas.
Mas o que é terrorismo? Para grupos como o Al Qaeda, parece ser uma forma de tentar desmoralizar o inimigo e mostrar ao mundo a sua opinião sobre o que pensa a respeito da intromissão de países como os Estados Unidos da América, no Oriente Médio, [2]patrocinando e legitimando um Estado judeu criado graças às forças militares primeiramente da Inglaterra e posteriormente passado seu controle aos Estados Unidos da América. Já que não possuem contingente humano suficiente para poderem armar e constituir um exército poderoso, doutrinam jovens mulçumanos e os prepara para executar perigosos atos de destruição. A ideologia destes “Terroristas” é a religião, é a interpretação que fazem do Alcorão, e a crença que os Mulçumanos têm que são um povo escolhido, um povo dever seguir Alá, um povo que deve pregar e fazer a guerra santa expulsando todos que não a professem dos lugares que julgam ter direito a eles, a terra que julgam ser só deles. Como no século XII e XIII o ocidente promoveu a cruzada com o objetivo de colocar na mão dos Cristãos a terra santa, sem falar dos motivos econômicos que não podem ser desprezados; com argumento semelhante estes extremistas religiosos também querem administrar o Oriente Médio, sem interferência de estrangeiros ou de quaisquer outras pessoas que professem fé diferente da Islâmica. Esses extremistas são minoria, mas fazem um barulho e um estrago muito grande.
Desde que houve o ataque ao World Trade Center, o mundo viu realmente o que são capazes e o poder de fogo que possuem, ou melhor, não possuem muito poder de fogo, mas graças a sua inteligência e persistência podem tomar armas das mãos de inimigos e usarem nesta empreitada.
A guerra nunca é boa à medida que mata pessoas, destrói países, desestrutura sociedades. Entretanto parece necessária quando um país agride os direitos humanos, quando são mortas pessoas por nada, pessoas inocentes. Parece necessária e até pode ser aceita quando não há nenhuma outra possibilidade de acordo, quando falhada todas as medidas adotadas para restabelecer direitos humanos básicos como a vida e a liberdade. Ninguém tem o direito de tirar a vida de outro, de cercear a liberdade de alguém em seu proveito principalmente quando são pessoas que não prejudicam a ninguém. No caso do Iraque podemos perceber que apesar de boatos de desrespeito a vida humana, de construção, manutenção ou possibilidade de criação de armas perigosas que afetariam aos direitos humanos mais básicos nada se confirmou.
O Presidente Bush invadiu o Iraque, usando de argumentos de que este Estado colaborava com os terroristas e podiam ou estavam construindo armas de destruição em massa, armas biológicas e até nucleares. Passada a Guerra do Iraque descobrimos que isso não é verdade e ficamos pensando qual seria o verdadeiro motivo da invasão do Iraque e porque os Estados Unidos buscava desesperadamente motivos para atacar o Iraque. É bem verdade que a importância econômica do Oriente Médio nos é muita das vezes subestimada. Não devemos esquecer que o Ocidente depende muito do petróleo extraído no Oriente Médio e que paises como, por exemplo, a Arábia Saudita tem muito dinheiro investido em paises como os Estados Unidos da América. [3]
Aqui lanço uma pergunta, será os Estados Unidos também apesar de ser uma nação que alardeia ser democrática, e que prega a luta contra o terrorismo e contra aqueles que patrocinam ou promove o terrorismo, também capaz de cometer erros e praticar atos que podem ser considerados terrorismo? O que a população, o povo, as pessoas que não participam da política, são meros expectadores como o povo inocente do Iraque pensam sobre os Estados Unidos? Em que a globalização pode ter auxiliado no combate e na difusão do Terrorismo?
Tentando responder a essas perguntas eu diria que ninguém gostaria de ver invadido seu país e que apesar de pelo menos uma parte da população se sentir feliz por ver deposto um ditador de seu cargo, gostaria de ser governada por pessoas nascidas naquele país e não ficar submetida a “proteção” de soldados de um país estranho. Essa proteção é perniciosa, pois compromete a liberdade de um povo, a sua cidadania, o direito de escolha e de ser governado por aqueles os quais foram escolhidos e por isso tem o poder de administrar o país. Só a livre escolha dá legitimidade a um governo.
A globalização contribui pela difusão de informações, de idéias, de cultura, do comercio, das barreiras alfandegárias, de acordos comerciais, da divulgação de filmes, novelas, livros, etc. Essas relações comerciais e de outras naturezas diversas podem estar contribuindo também para o estimulo a violência à medida que extremistas religiosos sentem-se invadidos, caluniados, sobrepujados pelo poder econômico, pelo mercado cultural, pelas mudanças de costumes, pelas desestruturações familiares, causadas pelas mudanças econômicas, pelas mudanças culturais e pela “invasão de valores estranhos”, por isso sentem que devem revidar que devem lutar contra o que consideram corrupção de costumes, denigrem a religião e vai contra os valores fundamentais da pessoa humana os quais julgam imprescindíveis para o bom trilhar nas veredas de suas crenças, no caminho da “religião verdadeira”. Além do mais a divulgação imediata da mídia dos atos terroristas que coloca em questão de pouco tempo nas telas do mundo tem feito esses terroristas privilegiar ataques em lugares públicos a fim de haver um maior efeito moral nas populações locais e da opinião do resto do mundo. Eles buscam visibilidade querem que o mundo saiba do que pensam e saibam que existe alguém lutando por interesses diferentes. A mídia de certa forma coloca-os em evidência, da importância real a esses ataques, faz o mundo pensar no que tem feito no que está certo e no que pode estar errado.
Um desses grupos é o de extremistas “terroristas” que visam libertar o mundo mulçumano da interferência de forças políticas externas. Parece ser um grupo armado religioso, com interesses políticos. Sobre isso Hobsbawm diz o seguinte:
“...O mais terrível dos movimentos terroristas internacionais, a Al-Qaeda, provavelmente não tinha mais do que 4 mil indivíduos nos seus dias de Afeganistão. A segunda característica (como rara exceções, como a Irlanda do Norte) era a de que seus integrantes “eram em média mais cultos e de condição social mais alta do que outros membros da comunidade á qual pertenciam”. Os candidatos a recrutas da Al-Qaeda que receberam treinamento no Afeganistão na década de 1990 eram segundo a descrição “das classes média e alta de famílias bem estruturadas”... ’’[4]
As pessoas que praticam esses atos de terrorismo pensam estar fazendo a coisa certa, estar lutando na Jihad, que são mártires guerreiros contra os infiéis, os cruzados, que querem escravizar seu povo e não aceitam a religião do outro. Eles pensam que agindo assim estão contribuindo para a difusão do Islamismo, estão combatendo o mal, que receberão uma recompensa por isso, serão recebidos por virgens no céu e estarão junto com o profeta logo após sua morte, por isso não temem a morte. Eu penso que essa crença não é só religiosa, e os interesses defendidos por esses extremistas radicais não são só religiosos, são também econômicos. Basta dizer que líderes desses grupos religiosos possuem empresas que seguem os moldes capitalistas do lucro, e que às vezes se beneficiam desses atos de violência. O que dirão os que vêem o petróleo subindo o seu preço depois do ataque de 11 de setembro de 2001, empresas que vendem armas alcançando elevação nos preços de seus artigos bélicos logo após o ataque. [5] E não são somente estes extremistas religiosos cujos lideres possuem empresas capitalistas que ganharam com isso, que ganharam com a baixa de vida humanas no World Trade Center, também ganharam a indústria da guerra, que não ganha nada com a paz, que fica esperando por haver uma “arenga” em alguma parte do globo para poder vender seus artefatos bélicos, são os empresários que montam negócios nos países invadidos com o apoio militar e a segurança dos países promotores dessas invasões. Eles adoram levar a guerra aos outros. Só não querem a guerra dentro de seus países.
Para combater o terrorismo é preciso combater suas causas que me parece ser a falta de uma efetiva política internacional que coloque em debate as grandes questões pertinentes ao mundo moderno, como tolerância religiosa, interferência política econômica em países que passaram ou estão passando por processos de libertação, de calamidade social, de severa pobreza. Além de respeitar a liberdade de expressão e de organização de todos os países do mundo. Cada país deveria ter o direito de escolher quais são os seus amigos e poder privilegiar políticas de integração regional.
Os países ricos do mundo, em geral se aproximam desses pequenos países com estrutura política e econômica fraca com o pretexto de ajudá-los, mas o que se vê é que querem conseguir vantagens políticas e econômicas com isso, muitas das vezes tomando conta de recursos naturais desses países e interferindo em sua política.
Para controlar o terrorismo mundial também é necessário criar formas estabelecidas em conjunto com todas as nações do mundo, para que não haja nenhum lugar que estes terroristas possam se esconder ou desenvolver suas atividades. Todo ou qualquer país que abrigue ou apóie grupos terroristas deve ser obrigado a prendê-los e levá-los a julgamento para que tenham uma pena estabelecida de acordo com a comunidade mundial.
A possibilidade de um Estado Nacional apoiar o terrorismo se efetivar é altamente perigosa, pois será muito mais difícil de ser combatido, reprimido e sublevado já que o terrorismo mesmo contando com grupos formados relativamente por poucas pessoas tem feito muito estrago, tanto mais estrago fará se contar com uma estrutura estatal para promover o terror.

Referencias Bibliográficas:
KAMEL, Ali. Sobre o Islã. Afinidade entre mulçumanos, judeus e cristãos e as origens do Terrorismo. Ed. Nova Fronteira. 2007
HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo, SP: Companhia das Letras. 2007
Filmes:
Paradise Now
Fahrenheit, 11 September.
Paradise Now
Sihiana
WTC. Por trás do 11 de Setembro.










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Geraldo Henrique de Mesquita.



[1] Ver Ali Kamel
[2] Sobre isso ver o filme: Sihiana.
[3] Sobre isso ver o documentário:Fahrenheit, 11 September.
[4] HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Pág. 132-133
[5] Ver: Fahrenheit, 11 September.

Karl Marx

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