quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Análise do papel de eventos como as grandes navegações, a formação do Estado Nacional, o humanismo e a reforma religiosa na formação do mundo moderno.

Quando se fala em mundo moderno tenta-se entender que ele passou a existir não de um momento para outro como o datamos: a partir de 1453, ano em que Constantinopla fora tomada pelos turcos. Mas sim sendo fruto de uma série de eventos que a partir de suas análises entenderemos que contribuíram para a formação de um novo homem, fruto de seu tempo e das transformações ocorridas nesta época. Homem este sujeito das ações que ocorreram no período moderno.
Antes de tudo é preciso saber o significado desta palavra moderno.
Poderíamos dizer que é o oposto de antigo, ou melhor, o fruto do antigo, mas desta feita reelaborado, discutido, transformado.
Talvez os homens modernos tenham percebido que estavam adentrando em um novo tempo quando viram que as coisas estavam mudando, quando viram que os paradigmas mudavam, que as mesmas explicações não serviam para explicar as novas dúvidas. Perceberam que não mais primordialmente reproduziam o passado, as palavras, explicações antigas, obras, observações; mas sim tentavam tendo o passado como ponto de partida para inovações, mudanças, deixando o que era antes somente uma experiência contemplativa e de aceitação com relação à natureza, os escritos, a Igreja, o mundo em geral; em algo renovador, transformador. Agora havia uma transformação que mudava a natureza do pensamento e das ações: um aperfeiçoamento do antigo pelo novo.
Deste modo podemos analisar as várias questões propostas como o que cada item da questão que foi proposta contribui para que acontecessem mudanças e se consolidasse com o tempo este mundo moderno.
Foram muitos os fatores que determinaram à passagem deste mundo onde havia verdades absolutas, o ser humano era preso a idéias impostas pelos detentores do saber e o pensamento era limitado a concepções antigas, impedindo mudanças radicais.
Podemos falar de alguns elementos que contribuíram de forma decisiva ao longo do tempo, para a concretização deste novo mundo, feito, sobretudo de idéias e de homens a frente de seu tempo, com a cabeça aberta para novas perspectivas.
As grandes navegações serviram para difundir os conhecimentos da época, conhecer novas culturas, invenções, saberes, expandir o comércio, conhecer o outro, aumentar a experiência humana, associando saberes como a astronomia, cartografia e técnicas de construção e navegação de navios, além da desmitificação do desconhecido.
Os navegadores e descobridores Espanhóis, Portugueses e Franceses deram o pontapé inicial para a dominação política e econômica dos povos encontrados enquanto desfaziam-se mitos a respeito do outro (o bom selvagem) e do “mar tenebroso”. Sem falar que o mercantilismo aliado às ambições políticas e religiosas foi em grande media o impulsionador dessas navegações. Neste contexto pos se claro a visão etnocêntrica destes desbravadores e comerciantes em todas as atitudes com os povos encontrados. Através dessas grandes navegações que auxiliaram a difusão de novas visões de mundo, textos, relatos, pessoas, estudiosos que circulavam com um pouco mais de facilidade, o mundo tornou-se mais interligado, propenso a circulação dos saberes.
Com a crise do sistema feudal, que fragmentava as terras na Europa, em propriedades conhecidas como feudos, onde havia uma relação de vassalagem e suserania, aparecem os primeiros burgos.
Os senhores feudais perdem muito de seus poderes para o rei que conseguira após longos esforços unir forças ao redor de si, criando um exército profissional, moeda própria, poder de gerir com impostos, administração e certo “controle” da Igreja, não deixando que ela fosse um elemento sobrepujante neste novo modelo. A Igreja tem que cuidar apenas de assuntos referentes à fé, deixando os assuntos econômicos e políticos para o Estado.
Nesse contexto, o rei é a figura central, que consegue criar uma estrutura burocrática, onde a nobreza em geral recebe cargos administrativos e contribui de forma a fortalecer o regime de Estado Absolutista, onde encontrarmos exemplos na França e na Inglaterra.
Pode-se dizer que os Estados Nacionais, que tiveram seu desenvolvimento e consolidação no período moderno marcaram um novo jeito de ser; um governo centrado na figura de um nobre que centralizara o poder em suas mãos com a criação das monarquias modernas concentrando poder político e às vezes até religioso em suas mãos. Esse soberano reuniu leis, formou uma aristocracia e uma organização administrativa e burocrática onde o território de seus domínios constituía uma unidade política, administrativa e territorial, criando um sentimento que com o tempo se tornou em sentimento de pertencimento a um determinado lugar e crenças.
O sistema de servidão chegou ao fim embora a situação dos camponeses continuasse difícil, dependendo de terras de outros para cultivar. A prestação pelo uso da terra passou a ser em espécie, ao invés de trabalho como era antes. Isso contribuiu para o êxodo rural e a formação de burgos, onde esses camponeses tiveram que se adaptar a novas funções, transformando-se em artesãos ou mesmo ficando a margem da sociedade e das decisões, ocupando empregos e fazendo trabalhos com remuneração baixa.
Do humanismo podemos dizer que contribuiu para modernidade à medida que muda a visão do mundo que dantes era centrada na religião e em preceitos como o geocentrismo, que é posto por terra com a invenção do telescópio e as formulações de Galileu Galilei. Nas artes como a pintura e a escultura vemos o conceito de moderno se manifestar como aperfeiçoamento do antigo (antiguidade clássica), em releituras, onde se reproduzia o corpo humano e a imagem de deuses romanos ou gregos. Sem falar da visão Aristotélica especulativa tornada em uma visão e interpretação baseada na observação e na razão: É o advento do método cientifico que estabelece etapas e processos para se chegar a conclusão a respeito de qualquer coisa. Pode-se dizer que o Tomismo colocado em dúvida, o que antes era examinado a luz da fé e da razão e em caso de dúvida a fé sobrepujaria a razão; agora é examinado a luz da ciência. È um mundo em transformação onde conceitos antigos convivem com novos e estão em disputa. De certa maneira é lançado um germe de pensamento que irá crescer mais adiante onde o homem começa a se ver como ser único e dono de seu destino. Estes grandes debates filosóficos tiveram seu desenvolvimento no meio acadêmico e era difundido pouco a pouco com o uso da imprensa que veio a calhar.
A Igreja que era considerada como detentora de todo o saber elaborado, que reproduzia obras clássicas, por exemplo, a Bíblia, mas que mantinha tudo sobre o seu domínio, restringindo o acesso a esses livros somente aos clérigos e seus doutores, teve esse monopólio do saber e da exegese cristã dividido. Com o advento das reformas foi obrigada, sem querer, a mudar.
Assim que explodiram, e se tornaram públicas as 95 teses de Lutero, teses estas que condenavam algumas praticas religiosas, o antigo teve que ser revisto, na melhor tradução de moderno,
A tradução da Bíblia, para a língua vulgar, tornou-a possível de ser lida e repensada. Surgiram novas interpretações e foram colocadas em discussão verdades tidas como absolutas e dogmas mantidos até então.
A reforma, mais que uma reforma religiosa, também de certa forma foi também política; mexendo com interesses de príncipes e reis em paises por onde ela grassou, sem falar do reavivamento de instituições religiosas que tinham poderes modestos até então como, por exemplo, o tribunal da inquisição.
Quando o pensamento muda com as discussões e com as evidencias, muda também as ações. Por isso mesmo, essa reforma não foi só religiosa, na proporção que promoveu a separação gradual entre Estado e Igreja; mas nitidamente entre nobreza e clero. Seria também uma mudança de visão dantes cosmogônica para uma visão antropocêntrica. Foi a secularização do saber que Lutero, com suas teses e a tradução da Bíblia iniciou.
Lutero acreditava que só a fé poderia salvar o homem, que a Bíblia e a palavra de Deus aos homens, por isso ela deveria ser lida por todos os fieis, sem intermediários para fazer interpretações. Era também contra o celibato clerical.
A reforma religiosa abriu margens para discussões de assuntos de outras ordens como assuntos que na nossa contemporaneidade são tidos como científicos. Fez com que também a igreja católica reformulasse seus dogmas e orientações provocando a realização do Concilio de Trento, que acabou com a venda de indulgências e reformulou a sua catequese.
Neste mundo moderno houve uma mudança gradual que se efetivou com a separação entre fé e razão; o que de certa forma propiciou um homem mais voltado para si mesmo, onde houve a mudança de um pensamento coletivo (Somos um), para o pensamento individual (Sou eu), que se desenvolveu plenamente no mundo moderno para se torna uma realidade no mundo contemporâneo.

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