terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O pássaro

O pássaro

Eu estava cá quieto no meu galho, quando ouvi farfalhar de folhas na floresta. Eu pensei que fosse um animal de grande porte como um leão ou uma girafa. Mas qual nada, era um lobo de pele escura, pra lá da meia-idade, um lobo bem grande, um lobo faminto, desses que poderia devorar um ser humano de uma vez só. Parecia estar com muita fome mesmo. Pois podia se ouvir os roncos roucos de sua enorme barriga. Eu cá no meu galho de jatobá, tremi de medo, só me aliviei um pouco, ao pensar que os passarinhos não fazem parte do cardápio de um lobo... Só se estivesse muito faminto. Mas não tinha o que temer, estava protegida pelas folhas e galhos da árvore, que se erguia majestosa na floresta.
Aquele lobo conhecia bem a floresta a minha volta, cada árvore, cada trilho de estrada, os caminhos e os atalhos. Eu fiquei a observá-lo do alto do galho, percebendo que ele tramava alguma coisa, logicamente para acabar com sua fome. Ele foi andando pelos caminhos da floresta para chegar mais perto da casa dos lenhadores, onde lograva pensar arranjar algo para encher sua barriga. Eu pensei comigo: ”um lobo com fome é capaz de tramar muitas coisas para comer alguma coisa.”.
O lobo foi andando e parou perto de uma pequena árvore grossa e se escondeu atrás dela, logo que viu uma pequena menina, por volta de uns oito anos, com um gorrinho vermelho na cabeça. A menina ia alegre a cantarolar, uma música, que não entendi bem o que era. Só vi e ouvi direito quando estava menina chegou perto de encruzilhada que passava onde a floresta é mais densa. A menina parou na encruzilhada e se pôs a olhar de um lado para outro como alguém que não sabia direito qual caminho tomar para ir adiante se o da direita ou da esquerda. O lobo logo percebeu e escondido suavizando um pouco a sua voz que lhe aconselhar e gritou lá detrás da árvore:
__ Tome o caminho da direita, é o mais curto e te leva bem rápido para a casa de seus amigos!
__ Minha, mãe me disse para não seguir o conselho de estranhos e sempre tomasse o caminho mais limpo, não parasse no caminho para conversar com nenhum estranho, levasse bem depressa esses docinhos para a minha adorada vovó, que vive sozinha em sua casinha no meio da floresta. Ela me disse também que nesta floresta tem um lobo muito mau que roubam as criancinhas para fazer mingau!
A menina continuou pelo caminho mais limpo para ir à casa de sua vovó. Mais limpo, mas com certeza o mais longo. O lobo se mostrar se embrenhou numa velocidade espantosa correndo pelo atalho e não pude entender de imediato o que ele intentava. Mas a curiosidade que sempre me leva a lugares que nem me imagino, fez com que eu o acompanhasse de longe, voando de galho em galho. Ele correu muito e chegou numa casinha pequena coberta de sapé, numa clareira da floresta. E cheio de manhã arremedou uma voz infantil e pôs-se a chamar:
__ Vovozinha!Vovozinha querida! Venha abrir a porta para a sua netinha que lhe traz deliciosos docinhos!
A velha que parecia que não enxergava muito bem por causa da idade, abriu a porta devagarzinho, e nem teve tempo de correr, pois o lobo faminto pulou sobre ela e a engoliu de uma só bocada. Eu nunca havia pensado que um lobo poderia engolir uma pessoa até que visse com esses meu olhos de passarinho que isso era possível. Mas parece que não foi suficiente para ele, ele queria mais. Tanto é que o ouvi falando sozinho, com sua voz rouca e grave: “Agora só falta a meninha, com aquele lindo gorrinho vermelho. Hoje decerto poderei encher completamente a minha barriga e depois de tudo ainda dormir um bocado nesta cama, desta velha deliciosa”.
Não me conformei com o que vi, fiquei sem saber o que fazer, quis chamar os meus amigos voadores, mas pensei logo, que não resolveria nada, pois não poderia convencê-los. Todos eles tinham muito medo de lobos. E pensei logo que só poderia com esse lobo algum enorme animal ou... Um caçador. Mas onde haveria um caçador que poderia salvar a menina que está inocente de tudo, se encaminhando para o seu destino fatal! Percebi que não poderia perder tempo, voaria bem alto, e olharia para baixo para ver se encontraria algum caçador... Fiquei alguns minutos voando... Vi longe uma fumaça e fui para lá. Com sorte, eram caçadores que punham água a ferver em uma panela..
Pensei em um jeito de atrai-los para a casa da vovozinha. O único jeito era cantando. Aliás, esse é o maior talento dos passarinhos cantarem, alegrar as pessoas... E então voei para uma árvore perto e comecei a entoar meu canto.
Os caçadores pareciam ter bom gosto e logo um foram falando para os outros que um passarinho com um canto maravilhoso estava pousado num galho próximo. Gritavam uns para os outros: “Olha um Uirapuru! Olha um Uirapuru!”. E iam chegando mais perto. Eu não estava gostando daquilo. Mas se a minha atitude podia salvar uma criancinha que estava prestes a ser devorada por um lobo, certamente continuaria nesse plano. Eles se puseram a me seguir, e deram dentro de poucos minutos em uma trilha que ia dar, na casa da vovozinha que fora devorada pelo lobo. Ouviram um estardalhaço que a menina fazia lá dentro correndo, passando por debaixo de mesa, cama, derrubando moveis...
Resultado os caçadores mataram o lobo a tiros, mas a vovozinha não teve mais jeito para ela. E ao contrário do que dizem por aí, morreu mesmo após ter vivido uma vida virtuosa. d dentro correndo, passando por debaixo de mesa, cama, derrubando móveis, na trilha que ia dar, na casa da vovozinha que fora devorada pelo lobo...

Vem coração

Vem coração
Entre pedras, no deserto da ilusão.
Serpente fêmea
A buscar emoção.
Eu te procuro em lugares públicos,
Mas sei que você está a salvo no meu coração.
Assim quem fala
Não muda de tom nem quando
Faz uma canção.
Se eu falo de paz
É da paz de seus braços,
Se eu quero calor,
É o calor de seu corpo.
Não sei o porquê de tanta ilusão,
Não sei por que há tanto tempo
Já teimo nessa ilusão.
Não sei por que
Você não sai do meu coração.
Você é como sangue na minha veia,
Como o mar a soçobrar e a bater
Nas rochas,
Está sempre a me tocar
Eu não sei mais o que fazer,
Nem se há alguma coisa a fazer,
Não sei se o tempo fará te esquecer.
Sei que você é muito importante para mim.
O passado não te deixa de lado e o presente não te faz ausente.

Geraldo Henrique de Mesquita.
31/12/07




Canção de paz

Eu fiz essa canção
Pra você cantar no seu violão
E lembrar que a vida passa ligeira
Minha amiga, o sonho faz parte da vida.
Com muita força de vontade seus sonhos persiga
A felicidade encontrará
A cada dia
Cada etapa de sua vida
Seja repleta de alegria

Às vezes pensamos que tudo é tão difícil
Mas basta crer.
Tudo se torna possível
É lutar e conseguir
Faça amigos por onde ir

Você já ouviu dizer
Primeiro o trabalho, depois o prazer.
Mas a vida passa
E não há quem possa dizer que não
Onde está a razão
De assim viver?
Pra que chorar
Quando se pode sorrir?
Pra que espinhos
Quando se tem a flor?
No coração vai o amor,
Na boca belas palavras por toda parte.
Bom dia! Boa tarde!
Se você que ser alguém
Diga: Bom dia! Tudo bem!

Geraldo Henrique de Mesquita
28/06/2007

Meu amor eu quero o beijo seu
Na noite fria de ilusão sem solidão
Eu quero o corpo seu
Sem pedir perdão
Eu quero o coração teu

-
As vezes eu pergunto
Se viverei sem teu amor
As vezes eu me perguntou
Quanto tempo precisará passar
Para você ver que eu te amo de verdade

--
O que vai precisar ser
O que já foi
Não poderá ser
Por mais que eu queira
Eu quero que tudo não
Perca no tempo
O frescor da novidade
O calor da ocasião

--
Vai, vai
Carinho meu
Buscar
O que a saudade levou
O que ficou
Não importa mais
Bela garota, linda moça,
Menina minha
Carinho que sobeja em abundância
Quem poderá dizer
Que eu não te amei desde a primeira vez
Que a vi
Quando eu senti
O calor do seu corpo
O pulsar de seu coração
Quem poderá dizer que a sua sedução
Não foi suficiente para fazer apaixonar meu coração
Mulher de pele morena
Voz doce e suave
O que tens a me dizer
O que podes me levar a fazer
Pela força do seu amor
Pelo calor de seu corpo
Se já não sei o que será de mim agora
Serei com o barco que não encontra o cais?
Serei como a noite que não encontra o dia?
Serei mais um apaixonado, que não sabe o que diz?

Não,
Serei eu como a vaga que alevanta o mar
Como o sereno que a noite cai
Molhando a verde relva
Serei como o abraço amigo que aquece o corpo
Serei como a chuva que molha a terra seca
Como a luz da lua que ilumina a escura estrada
Um passaporte para o infinito
Um minuto de sua vida
O minuto em que sua vida vai mudar
O aconchego da cama
O calor da comida no seu estômago
A voz que ao longe mostra o caminho
Em meio de tantas aventuras e desventuras
Serei caminho certo a seguir.
Fruta madura no pé
Amor que se pode ter fé


Que se pode querer de um amor tão distante
De uma noite que nunca chega ao fim
Como poderei dizer que te amo
Se não tenho coragem de olhar em seus olhos e dizer a verdade
Mas por amor posso fazer o possível para tornar o amor realizável
Entre nós dois
Aonde queiras que eu vá
Eu vou te buscar
O que não saberei dizer
Uma palavra de amor
Uma solução provisória
Para nosso amor
Eu quero você
E talvez tenho perdido
Muitas oportunidades
Para dizer o amor que sinto
Por você
Aqui não saberei dizer
Do tamanho de meu amor por você
Não é apenas desejo
Por uma mulher muito bonita
É muito mais do que isso
E um sonho que procuro por todas as vias tornar possível
Um sonho que a realidade tenta não realizar
Já joguei muito tempo pela janela
Já tentei, já lutei
Busco ter a melhor solução para esse amor meu
O que adianta amar uma mulher tão linda
Se não se sabe se poderei tê-la junto de mim
Para viver uma vida junto com ela
Construir um mundo só nosso
Quem poderá me dizer como fazer para que ela seja a minha mulher
Se já é meu amor
Se já é quem toma conta de meu coração
Não poderei pensar que não poderei tê-la
Eu não sei o que poderei fazer
Eu que a desejo
Eu que a amo demais
Que tenho vontade de abraçar seu corpo
Beijar seu corpo
Buscar o calor de seu corpo.

Geraldo
2007

A interiorização da métropole

A chegada da família real ao Brasil e a interiorização da Metrópole.


O período que vai de 1808, data em que chega ao Rio de Janeiro o Príncipe Regente D. João VI, até 1821, ás vésperas da proclamação da Independência por D. Pedro I, é rico para analisarmos a questão da interiorização da metrópole luso-brasileira e o abastecimento da corte carioca.
Haja vista que com a vinda de D. João VI para o Brasil que embora projeto antigo foi executado na iminência da entrada das tropas napoleônicas as cortes de Lisboa, houve um aumento expressivo na população do Rio de Janeiro e mudanças substanciais no que concerne à administração da América Portuguesa, isto é, a interiorização da metrópole. Isso se deu graças ao imenso aparato administrativo que se transferiu ao Brasil juntamente com a família real. O Brasil, a menina dos olhos do império Português, fonte de artigos de comércio, com bons portos, que hora se abria a nações amigas, por decreto de D. João VI(diga-se principalmente a Inglaterra), fortaleceu a vocação comercial, a necessidade da produção de alimentos, pessoas que servissem a D. João VI em sua administração. É de notório saber que estando cá, no Brasil, grande parte ou quase toda a parte dos funcionários reais, havendo também necessidades de fortalecer o domínio da América Portuguesa, era preciso para o bom sucesso do desenvolvimento e manutenção das forças imperiais, que se administrasse corretamente o ultramar, para não haver prejuízo e perca das riquezas do gérmen embrionário da futura nação Brasileira, que lançaria seus primeiros passos aos auspícios do governo do Imperador do Brasil, D. Pedro I.
D. João VI soube juntamente com seus ministérios criar os elementos necessários ao bom andamento da administração territorial das províncias do Brasil, concentraram no Rio de Janeiro os órgãos responsáveis pela administração, bem como nomeou governadores para as províncias, fomentou o comércio, através de leis que permitiam uma sobrevivência e expansão do comércio, do abastecimento interno, da navegação de cabotagem, que fazia as ligações porto a porto brasileiro, isto com o decreto imperial de 1815, que determinava que a navegação de cabotagem só poderia ser feita por navios ou barcos brasileiros.
O poder se estabeleceu fortemente no centro sul, nas províncias de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O sul das Minas Gerais fornecia gêneros indispensáveis ao abastecimento da corte, bem como fazendas da região do Rio São Francisco, São Paulo e Rio Grande. Muitos foram os tropeiros que se enriqueceram com o transporte e comércio com a corte estabelecida no Rio de Janeiro, ao passo que foram feitas muitas construções, que serviram para abrigar mui confortavelmente membros da nobreza, órgãos administrativos, para auxiliar a manutenção da ordem e da justiça, como cadeias, fórum, etc. Em pouco tempo com a melhoria e os progressos contínuos, o fortalecimento do aparelho administrativo imperial, o crescimento econômico, os rendimentos provindos da cobrança de impostos superaram aos de Portugal, o que era reforçado pela presença do imperador e da corte no Brasil. O Brasil sem dúvida naquele momento dispunha de mais recursos que Portugal, tinha mais meios de se desenvolver e por isso merecia uma grande atenção do Imperador. A isso podemos chamar de interiorização da metrópole, a metrópole, estava de lei em Portugal, mas de fato estava no Brasil sua possessão ultramarina mais rica e que para completar abrigava a figura do Imperador, nobreza e seus administradores por D. João nomeados.
D. João VI usou das distribuições de mercês, da divisão de áreas territoriais em jurisdições entregues a governadores, do controle alfandegário entre outros expedientes para intensificar a presença da lei e da ordem nas províncias.
A presença da corte no centro-sul criou necessidades, possibilidades comerciais e vitais (alimentos, roupas, utensílios, etc.). O transporte fomentou o desenvolvimento brasileiro podendo-se dizer que a metrópole se entranhou pelo sertão afora controlando, gerindo, consumindo, desenvolvendo e tornando possível direta ou indiretamente todas as atividades econômicas.
As tropas da moderação, como se intitula um dos textos aqui analisados foram responsáveis pelas ligações terrestres e do abastecimento, em larga medida responsável pela interiorização da metrópole. Afinal o estado se fazia presente ora no papel de consumidor destes produtos, taxando-os, aproveitando as estradas usadas pelos tropeiros, de alguma forma mantendo alguma proteção militar que de algum modo tornasse mais tranquilo itinerário dos funcionários do governo, dos tropeiros, aventureiros, etc.
Como teria acontecido se não houvesse estes tropeiros? Se não houvesse a descoberta de ouro nas Minas Gerais? Se D. João VI não viesse se estabelecer no Rio de Janeiro com todo o seu aparato administrativo? Se não houvesse pessoas intrépidas como os paulistas que desbravaram caminhos, descobriram ouro, amansaram índios, tornaram os caminhos mais conhecidos?
Pode haver várias respostas para essa pergunta, mas podemos responder que talvez não se levasse tanto em conta o Brasil, as cortes portuguesas talvez não encontrassem tanto lucro para seus empreendimentos, idéias, projetos de expansão (tudo isso dependendo de vários “se”). Mas o fato que esses fatores que foram realidade contribuíram para a interiorização da metrópole e o interesse no Brasil.
Não se pode desprezar nessa análise o comércio, seus sujeitos como promovedores da integração da corte com o interior, como também sobremaneira responsáveis pela espraiação dos limites do Brasil. O Brasil, ou o que seria o Brasil só faz sentido com uma força e um desejo que uma os seus habitantes que só pode ser um governo central e um sentimento de pertencimento.
Pensamento análogo dirá que um órgão não sobreviverá fora do corpo, isolado, sem forças, sem energia, sem sangue, sem um conjunto que o coordene.
Os dois textos se coadunam a medida que dizem que a interiorização da metrópole só foi possível, com a abertura de estradas, o fortalecimento do comércio e os meios de subsistência, bem como a distribuição do poder, e o controle Real. O abastecimento que se desenvolveu aos poucos, contudo continuamente integrou o centro-sul e tornando-o o eixo central de todo o governo imperial donde emanavam ordens, projetos e anseios, como a conquista da Guiana, a dominação da província Cisplatina patrocinados pelo espírito empreendedor real, que embora nem tudo o que se planejou tenha dado certo não deixou de ser tentado. As riquezas do centro-sul sobrepujavam as do Nordeste brasileiro cujos engenhos, plantações e criações não conseguiam superar nem de longe o poderio econômico do sul. Adiante analisarei as questões que faziam com que o pensamento dominante destes dois polos brasileiros divergia, porque o nordeste não comungou com a idéia da independência e foi preciso luta para aceitar a independência do Brasil (seu desligamento das cortes de Lisboa). Quais os interesses que estavam por detrás disso tudo?
É certo que o centro-sul no contexto econômico se desenvolveu mais graças a proximidade com o Rio de Janeiro, se beneficiou com essas benesses. A pecuária, as plantações e a extração do ouro e dos diamantes geravam riquezas superiores a de outras províncias.
O desenvolvimento do Nordeste não era patrocinado e nem recebia as benesses desse ir e vir dos caminhos e das riquezas do centro, pelo menos não no grau elevado do centro-sul. Pelo contrário seus portos estavam ligados mais facilmente com os de Portugal, era bem mais fácil o caminho marítimo para Portugal, do que os difíceis caminhos por terra que ligavam ao Rio de Janeiro, além do mais a região nordeste contava com uma grande costa que beneficiava grandemente o comércio marítimo. A viagem para Portugal e o comercio estabelecido com os portugueses era mais vantajoso e mais fácil. Por aí se vê que o Nordeste se interessava mais em ser uma extensão ultramarina do próprio Portugal, melhor dizendo se interessava em ser co-irmão, ligado com Portugal do que se separar deste país ao invés de se estabelecer unicamente por sua conta e risco.


Geraldo Henrique de Mesquita

Poesia

Artigo
Papel e participação de Caxias, na regência e no império de D. Pedro II: A guerra e a política.

Quando se ouve falar o nome de Caxias, único Duque nativo do Brasil, que recebeu muitas honras e glórias durante a sua vida e mais ainda depois de sua morte, pensa-se em um cidadão cumpridor da lei, ordeiro, organizado, cheio de escrúpulos, num líder nato, uma pessoa acima de qualquer suspeita que conseguiu tudo o que alcançou em sua vida graças a muito trabalho, disciplina, por honra e mérito de sua bravura militar e de seu desempenho político. Argumentam muitos que Caxias era avesso a política, que dela participava unicamente por dever cívico, como bom patriota que era, que ocupava desgostosamente os cargos políticos e somente o fazia em nome do dever e de sua leal devoção a este país e a seu imperador.
Para averiguarmos a autenticidade dessas informações, e a verdade construída ao redor de sua pessoa, será preciso analisar os fatos, sua biografia, artigos escritos a respeito dele e usar de senso crítico para analisar as situações em que estivera envolvido. A história, sem dúvida nenhuma, não é um jogo de lógica, onde tudo segue um padrão, onde os fatos acontecem sucedaneamente, seguindo a um motor que governa os fatos de acordo com suas causas e conseqüências. É preciso ver, que quem escreve a história são os homens, e estes são movidos por paixões, escolhem o que escrever, o que ocultar e projetam suas opiniões em seus escritos. Daí temos que observar o contexto da obra, quem escreveu, porque escreveu, suas intenções, as informações que tinha disponível, suas fontes, o lugar social onde ocupava, etc.
O autor que escolhi ou tive a oportunidade de ler seu livro foi Affonso de Carvalho, homem que teve uma carreira militar, política e literária, tendo escrito livros sobre personagens brasileiros como Caxias e Olavo Bilac, também foi político. Viveu entre os anos de 1897 e 1953, fez muitas viagens pelo Brasil e até na Europa em plena 2ª guerra mundial. Como escritor de poesias escreveu obras que tinham o parnasianismo como modelo literário. No seu livro: “Caxias”, ele busca enaltecer e valorizar este que se tornou um grande mito e herói do Exército Brasileiro, tendo como honra de se tornar a data de seu aniversário natalício, como o dia do soldado. Affonso de Carvalho deixa seu estilo na obra que escreve: fala apaixonadamente deste personagem nacional, o mito que é sinônimo de alguém que sempre apesar de qualquer dificuldade ou imprevisto está sempre disposto a cumprir o seu dever e disciplinadamente cumprir as tarefas que lhe são incumbidas.
Caxias era filho do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e de D. Cândida de Oliveira Belo. Seus avô e bisavô do lado paterno eram militares, os irmãos de seu pai também eram. Caxias cresceu e viveu entre militares. Aos 5 anos de idade já era Cadete, honra a que tinha direito filhos de militares. Alguns biógrafos dizem que o seu talento de soldado era inato. Sobre isto Adriana Barreto de Souza diz[1]:
“Mas a condição para o surgimento dessa vocação inata é esquecimento da própria história. Caxias nasceu em 1803, foi um militar do século XIX e para entender sua trajetória é preciso recuperar as especificidades da carreira nessa época. Ter sido cadete aos 5 anos não era sinal de seu caráter especial. Era uma honraria a que tinham direito, por lei, os filhos de nobres ou militares, exigindo-se neste último caso que o pai fosse major da ativa ou coronel da reserva. Outros privilegiados a ela tiveram acesso inclusive com menos idade”.[2]
A partir daí podemos perceber que esses elementos familiares e também políticos ajudaram muito a Caxias em sua carreira militar e política.
Seu pai Francisco de Lima e Silva era um dos generais que comandavam as forças militares no Rio de Janeiro quando da abdicação de D. Pedro I e fora escolhido como um dos regentes da Regência Trina Provisória assim organizada por o herdeiro do trono D. Pedro II, contar com apenas 5 anos, naquele tempo. Mesma idade com que Luiz Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias assentara praça como cadete. A sua família certamente fazia parte da elite dos oficiais do Império Brasileiro e por esse fato descontando os parentes liberais Caxias era o mais conservador de todos participando do partido conservador até o final de sua vida. Caxias galga até os mais altos postos políticos do Império Brasileiro. Foi por 2 vezes chefe do Gabinete de ministros do Império tendo a honra e a possibilidade de escolher os homens que deviam ocupar os mais altos postos políticos abaixo do Imperador. Sendo que o Imperador tinha o poder de concordar ou não com os nomes por ele escolhido. Fora senador cargo que exerceu por algum tempo lado a lado com seu pai que também fora senador, embora de partidos contrários. Foi um homem sem dúvida alguma de prestígio e capacidade organizacional. As sua redes clientelares sem margem de erro algum, ajudaram-no a se manter nos cargos que ocupou sem falar também a sua habilidade política. Seus biógrafos em sua maioria insistem na afirmação de que ele detestava a política, mas convenhamos como alguém que não gostava de política se viu a sua vida toda envolvido com ela tomando posições, ocupando cargos, usando de sua influência a favor de seu partido. Isso não pode ser desmentido, assim como, salvo os exageros, Caxias era um homem excepcional chefe militar com capacidade inegualável, comparado a grandes chefes militares de outros países em outros tempos. Ele não teve nenhum formação acadêmica militar específica para desenvolver esse talento, sua escola foi a família, seus parentes, tios, pai que os viu atuando e foram seus professores. Ele aprendeu na prática. Por ser um homem cauteloso que gostava de planejar tudo em seus mínimos detalhes, estava preocupado com as possibilidades reais de seu exército vencer nas campanhas militares das quais participou, sempre encontrou êxito nestes projetos. Ele despertou inveja, cobiça e descaso em alguns casos. Inveja do Conde D'Eu que ambicionava ser nomeado pelo imperador, seu sogro, Comandante em Chefe das forças Brasileiras no Paraguai, embora para o Conde D'Eu ainda tenha sobrado os restos da batalha: perseguir os últimos insurgentes e guerreiros, organizar as prisões e outras tarefas de menos destaque.
O Exército Brasileiro quando do Inicio da Guerra do Paraguai era totalmente desorganizado, não possuía sequer um conjunto de regras próprias a serem seguidas, era mal armado e organizado. Coube a Caxias, como grande chefe militar organizá-lo e armá-lo. Affonso de Carvalho, tenta mostrar o que Caxias fez com o exército brasileiro em termos de melhoria. Ele diz que as peste e doenças matavam mais que a bala do inimigo, que nos acampamentos militares grassava a maior falta de higiene e desorganização. Os generais e chefes militares criavam até pequenos animais como galinhas e porcos nos acampamentos. Os soldados não tinham um uniforme adequado, as montarias estavam desfalcadas da indumentária completa, faltavam ferraduras, cabeçadas, esporas, etc. Além disso o abastecimento de alimentos para a tropa era irregular. Por falta de pastagens adequadas os cavalos morriam de fome. Caxias fora rigoroso e apesar de nesta feita contar com mais de sessenta anos de idade encontrou disposição para percorrer os acampamentos cotidianamente a fim de observar se estavam sendo cumpridas as suas resoluções e aplicar as medidas necessárias e as punições que fosse preciso executar nesta grande massa que era o exército brasileiro de então.[3]
“cousas de organização, disciplina e hygiene forma os primeiros remédios aplicados pela medicina do Marquez ao saneamento geral do bizarro campo de Tuyuty.
Até chefes de alta hierarchia, cujas unidades não se apresentavam asseiadas e instruídas nas revistas iniciaes, experimentaram o reactivo de sua justiça imparcial, ao lado dos que se estimulavam, deleitosos com as recompesnas pelo dever cumprido.”
Sem dúvida as campanhas do Rio da Prata, foram as mais difíceis e as que garantiram maior honra e respeito a Caxias, que antes delas era conde e depois dela alcançou o título de Duque além disso foi uma vez mais chefe do gabinete dos ministros do Império Brasileiro. Ele lutou juntamente com o exército brasileiro em três grandes frentes uma de cada vez: Uruguai, Argentina e Paraguai. Os chefes militares do Uruguai e da Argentina que tencionavam aumentar seu poder e expandir seus domínios foram difíceis de combater. Foi preciso persistência, disciplina e perseverança além de muitas vidas humanas para serem barrados. No entanto, nem Oribe nem Rosas dá o trabalho que deu Solano Lopez notadamente pelo que significavam em seus países. Oribe e Rosas são denominados “Caudilhos”, são pequenos chefes militares que encontraram apoio em outros que comungaram de suas idéias de expansão e domínio das províncias do Prata, mas que após algum tempo até porque não tinham grandes recursos nem um exército tão grande foram sendo desbaratados pelos opositores. Além do mais a guerra que era imposta por estes dois “Caudilhos” cada um por sua vez se assemelhava a guerrilhas, a ofensivas rápidas e fulminantes. Era ataques violentos seguidos de fuga para se organizar e atacar de novo.
Já Solano Lopez por se tratar de um militar acostumado a lidar com o povo, e a ser amado, respeitado, ou temido pelo povo de seu país que sempre lhe dava soldados para compor seu exército, que por várias vezes parecia estar extirpado e se reformulava como que por milagre, graças ao gênio militar que sem dúvida este grande Caudilho possuía. No entanto esse vigor e essa afronta de Lopez ao vizinhos do Prata, não foram suficientes para sobrepujar as forças aliadas comandadas pelo Conde de Caxias que soubera organizar, administrar, motivar e mostrar o caminho da vitória aos aliados.
Se a vitória tivesse sido de Lopez com certeza o mapa das Américas poderia ser diferente e o Brasil certamente não contaria com boa parte de seu território, principalmente o extremo sul.
Na política Caxias ocupou o seu primeiro cargo politico como presidente da província do Maranhão logo após sufocar as revoltas conhecidas como “Balaiada “e “Cabanagem”. Caxias usou de estratégias militares condenadas por seus opositores como uma rede de intrigas para desorientar os revoltosos. Foi usada também outra estratégia que mais tarde também seria usada na campanha da contra a Farroupilha: Ele buscou aliados entre os revoltosos oferecendo anistia á aqueles que quisessem depor as armas e com a ajuda destes perseguiu os demais e imobilizou toda a revolta. A batalha decisiva foi na cidade de Caxias, no Maranhão, onde foi a luta decisiva contra os revoltosos. Depois de finda a campanha, Luiz Alves de Lima e Silva recebeu o título de Barão em reconhecimento aos seus trabalhos valorosos ao Brasil. Caxias era o nome da cidade do Maranhão onde se deu a luta decisiva contra os revoltosos. Ao término da campanha ele ainda ficou na região como presidente da província do Maranhão, um cargo de grande prestígio.
Outra grande campanha militar da qual Caxias participou foi a Farroupilha que durou vários anos .
Depois de finda a campanha da Farroupilha houve por bem segundo a visão dos políticos do Brasil de então, nomear Caxias presidente da província do Rio Grande.
Caxias ficou escrito na história brasileira como o grande líder das forças militares que conseguiu acabar com rebeliões e revoltas do período regencial da historia brasileira e do Império de D. Pedro II, mas seu nome foi elevado ao posto de grande herói do Exército Brasileiro somente no século XX, durante o governo de Getúlio Vargas. Anteriormente Osório tinha um maior espaço dentre as comemorações do Exército Brasileiro,mas diante da necessidade de um Estado forte, que se propunha após 1930, seu nome pareceu mais adequado ao papel de Mito e Herói Brasileiro.
O historiador Celso Furtado diz que Caxias se prestava mais a esse papel.[4]
“Após a revolução de 1930, a imagem que se evocava de Caxias passou a destacar cada vez mais sua autoridade e suas qualidades de chefe militar a serviço de um estado forte. A importância do culto a Osório foi diminuindo, até que, na década de 1940, ele foi deslocado para a posição de “Patrono da cavalaria”. Isso não ocorreu sem que surgissem discordâncias entre os próprios militares. Prevaleceu no entanto o peso da autoridade.”

Outro lado que poucos conhecem no aspecto da personalidade de Caxias, é o Caxias poeta que chegou a escrever alguns versos que dedicara a sua filha Paulita que são de bom gosto poético e apesar de estarem escritos no álbum de sua filha, Affonso de Carvalho entende que eles se referem ao antigo amor de caxias Ângela Garzón, que conhecera antes de se casar com Ana Luiza, a mãe de seus filhos. Deste casamento advém 2 filhas e um filho. O menino morre ainda em tenra idade.
Pode-se concluir que Caxias foi um grande brasileiro que soubera agarrar com unhas e dentes as oportunidades que lhe surgiram pela frente e que longe de ser alguém que não têm nenhum defeito ou falha serviu bem ao governo do país em seu tempo e a sua memória é valorizada principalmente pelo Exército Brasileiro por ser um nome que elevou e deu orgulho aos membros deste Exército trazendo a vitória nos seus empreendimentos.
Os historiadores que têm o compromisso com a verdade, devem estar acima das paixões e saber ler nas entrelinhas das biografias e histórias oficiais os fatos como foram e ouvir todas as representações que se fazem destes mesmos fatos. O fato é que a história que se sobrepõe as demais é a historia dos vencedores, aos vencidos só resta muitas das vezes lamentar e pensar nos “ses” da História.
É inconcebível que leiamos qualquer coisa sem pensar e criticar, mas é preciso entender que a historiografia segue um caminho que parece ser o que mais interessa aos ouvidos e aos olhos de quem a patrocina. Se Caxias não foi o grande mito, que tanto os livros e a historiografia oficial quer oficializar, cabe a nós investigar sem contudo esquecer da importância dos mitos para a constituição e a manutenção de uma nação.

Referências Bibliográficas:
CARVALHO, Afonso. Caxias. Rio de Janeiro. Biblioteca do Exército,1976.

FURTADO, Celso. “Culto ao Mito”. Artigo publicado na Revista História Viva de Abril de 2004, nas páginas 46 e 47.

SOUZA, Octaviano Pereira de. “História da Guerra do Paraguai” Citado por Affonso de Carvalho. Pag.. 236 do Livro “Caxias”.

SOUZA, Adriana Barreto de.“O exército na consolidação do Império: um estudo sobre a política militar conservadora”. in Revista História Viva na Edição de Setembro de 2004.

SOUZA, Adriana Barreto de. Revista História Viva, Setembro de 2004. Pag.30.“O homem por trás do monumento Duque de Caxias.”








Geraldo Henrique de Mesquita.
[1] Adriana Barreto de Souza é historiadora e autora do livro: “O exército na consolidação do Império: um estudo sobre a política militar conservadora”. O trecho foi retirado de seu artigo publicado na Revista História Viva na Edição de Setembro de 2004.
[2] “O homem por trás do monumento Duque de Caxias.” in revista História Viva, Setembro de 2004. Pag.30.

[3] Octaviano Pereira de Souza. “História da Guerra do Paraguai” Citado por Affonso de Carvalho. Pag.. 236 do Livro “Caxias”.
[4] Celso Furtado. “Culto ao Mito”. Artigo publicado na Revista História Viva de Abril de 2004, nas páginas 46 e 47.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Contestado

Você encontrará um resumo sobre a guerra do Contestado, no link acima.

Um visionário na corte de D. João V

FUNEDI/UEMG/ISED
Disciplina: História de Minas.
Professor: Leandro Pena Catão.
Aluno: Geraldo Henrique de Mesquita.
5º período do curso de História.

Resenha do Livro “Um visionário na corte de D. João V: Revolta e milenarismo nas Minas Gerais”.
Adriana Romeiro.
Ed. UFMG.
286 páginas.


Adriana Romeiro é a historiadora que provou o quanto é boa escritora e soube, graças ao seu trabalho com as fontes que se encontravam dispersas, fazer a ligação entre os fatos e traçar um perfil desse seu personagem: Pedro de Rates Henequim. Um homem que se envolveu com uma trama em que havia o milenarismo e o desejo de poder, que buscava por meio de suas redes clientelares alcançar seus objetivos. Como todo visionário ele falava muito e alardeava seu ponto de vista e opinião por toda parte.
Pedro de Rates Henequim, é o grande personagem do livro, que no século XVIII, se vê as voltas com o tribunal da Santa Inquisição, que após investigações, buscas, interpretações e averiguações encontra nele um heresiarca, que é destinado a ser queimado vivo posto que não renúncia de suas crenças e não volta atrás em suas opiniões. É queimado vivo, no fogo ardente em 1744, no Campo da lã.
A Santa Inquisição é a grande doutrinadora, ajustadora de condutas e aplicadora da justiça no campo religioso e no que se refere às heresias.
As acusações que pesam sobre Henequim são as de[1]:
“... os irmãos Santa Marta fazem um relato extremamente detalhado das proposições heréticas de Henequim. Acusam-no de defender o concubinato, a fornicação simples, o uso da cabala para a perfeita inteligência das escrituras, a existência de anjos machos e fêmeas e a provisoriedade das penas do inferno.”
Henequim tinha uma visão nada ortodoxa do mundo que o circunda e vê tudo com olhos críticos, e procura questionar o mundo a sua volta e as verdades propostas. Sua visão de mundo é fruto das mais variadas experiências e do contato com pessoas que comungavam das mais diversas opiniões e crenças espirituais. Ele era um produto bem acabado do meio em que viveu e de sua interação social, religiosa, econômica, etc.
Se analisarmos as diversas situações e pessoas com que Henequim teve contato, se observamos sua visão milenarista e revolta com o status quo do mundo em que viveu, notaremos que ele é um estudioso aberto ao diálogo, tolerante com as religiões que existem no mundo e busca encontrar nelas uma raiz comum. Isso leva-o a entender o mundo que o cerca usando de suas luzes pessoais, seus estudos e idéias compartilhadas com todos aqueles que conheceu e travou debates.
Sua crença de se estabelecer o Quinto Império do qual trata o livro bíblico do profeta Daniel o fez ver na figura do Infante D. Manuel, irmão de D. João V, o homem necessário e capaz de estabelecer nos trópicos brasileiros este tão esperado governo.
A autora traça um perfil completo a respeito de D. Manuel, este homem que provou seu valor em batalhas e esteve sempre envolto em tramas, sempre desejoso de alcançar um reino para si. Parece-nos, como coloca a autora que D. Manuel seria capaz de muitas coisas para conseguir ser rei. Henequim parece saber disso e procura por muitos meios encontrar o infante para poder mostrar a sua opinião e demonstrar a possibilidade de se estabelecer um Império firme e duradouro no Brasil.
Conhecedor da vida do Infante D. Manuel, Henequim via nele todas as características necessárias a um grande imperador.
Henequim teve contato com várias pessoas, que de uma forma ou de outra fez crescer dentro de si a certeza madura de que o mundo poderia ser diferente, que este mundo precisava ser modificado; para haver uma convivência pacifica entre os povos. Ele tinha a crença de que a volta do Messias estava próxima e que seria coroada com a chegada de um governante ideal, no paraíso terreal que era o Brasil.
O povo setecentista era crédulo, sentia-se envolvido fortemente pelo manto da religião e procurava ver, entender e resolver quase tudo por meio dela. É possível perceber no livro a supremacia européia do cristianismo sobre todas as religiões e a intolerância dos ditos cristãos aos que professavam outra fé. O judaísmo era visto com desconfiança. Havia uma distinção entre Cristão novo e Cristão velho, em Portugal, que criava e mantinha preconceitos. Quando da existência de alguma heresia que grassava por lá, acreditava-se ser os cristãos novos, que eram judeus que haviam-se convertido ao cristianismo, os principais envolvidos, os primeiros suspeitos por difundir essas crenças dentre o povo.
Henequim não era nenhum exemplo de homem bom, de conduta exemplar. O que o diferenciava de outros homens ou colocava um pouco a frente do seu tempo era a sua visão do mundo. Uma visão que se baseava na liberdade de opinião. Ele, aliás, fora acusado de abusar de uma menina de quatorze anos, cuja sogra o obriga debaixo de ordem policial a se casar. Com essa menina ele tem 2 filhos.
Henequim acreditava que o cristianismo precisava ser purificado. O judaísmo com suas festas tradições e costumes que eram mantidos intactos ao longo de toda a sua existência estava mais próximo desta religião primitiva, dos tempos iniciais do cristianismo. Acreditava que o cristianismo estava se corrompendo adotando novas práticas e a exegese sucessiva dos padres sobre a escritura contribuía muito para isso. Ele era mais ligado à ciência, a astronomia, a observação dos astros onde procurava explicações para as mudanças ocorridas no mundo. Acreditava também que Deus deixava sinais nos astros para o homem poder observar e corrigir sua conduta temporal.
Das muitas pessoas que tivera contato, ou pessoalmente, ou com sua obra, dentre eles alguns jesuítas, judeus, cristãos novos, etc. A título de exemplo, ele tinha conhecimento da obra do Padre Antonio Vieira, que, aliás, foi um padre que passou pelos tribunais da Santa Inquisição. Padre Antonio Vieira era conhecido por suas obras de conteúdo milenarista e por ver nas escrituras coisas diferentes do que a exegese dominante de sua época. Fora levado às barras do tribunal religioso da Santa Inquisição. Mas podemos claramente perceber que mesmo depois de morto, e suas obras sendo criticadas e não aceitas pela Igreja, seu pensamento continuou a circular e encontrava-se muitos que o liam e difundia as idéias presentes em sua obra.
A igreja pregada por Padre Antonio Vieira seria aquela baseada na solidariedade e no espírito de comunidade que deveria haver entre seus membros.
É certo que no Brasil, assim como também em Portugal, as crenças milenaristas, a colocação dos idílios e sonhos da Igreja (Diga-se sonhos dos visionários que viam uma situação catastrófica da fé como a disseminação do pecado e a corrupção dos costumes) colocava tudo, por difícil que se parecia, em uma situação que só um milagre poderia resolver. Esses milagres eram esperados. Havia a crença na volta tão esperada do Rei de Portugal D. Sebastião que a quase dois séculos havia desaparecido em batalha, mas no entanto apesar de tanto tempo sem qualquer notícia sua, haviam muitos que o aguardavam para tomar seu lugar ao trono. Muitos pensavam que a volta do Messias como se prega nos livros do novo testamento estava próxima, pois os sinais estavam claros.
Os judeus, muitos sobre o manto de cristãos novos esperavam a vinda do Messias pregado em seu livro sagrado, e a crença de que nem todas as profecias do antigo testamento não haviam acontecido era tido como prova da sua iminente vinda.
Henequim acredita que o Paraíso Terreal fica no Brasil e que ali era o lugar destinado a construção do Quinto Império. Ele intenta em um ato que seria considerado de “lesa majestade”, imbuir o irmão do Rei de Portugal a assumir o propósito de criar no Brasil um Império forte, destinado a ser o mais forte do mundo, onde certamente as tribos de Israel desaparecidas ou espalhadas no mundo poderiam se encontrar e ajudar na formação desse Império fadado ao sucesso. As muitas lendas, e ou fatos que não puderam ser documentados a respeito da localização de membros destas tribos ajudaram a aumentar a especulação dos visionários da época e certamente serviram de fermento para rebeliões, ou construção de teorias a respeito da vinda do Messias: como por exemplo, o sabatismo, o sebastianismo e outras.
Pode se dizer que as Minas Gerais Setecentista da época onde se descobriu o ouro e este era encontrado com abundância e facilidade, era um palco de revoltas, crimes e pensamentos que desviam do que era considerado politicamente ou religiosamente corretos dos estabelecidos e enaltecidos pela metrópole. O conde de Assumar que o diga, pois no período em que fora Governador das Minas Gerais teve que lutar contra muitas revoltas. O próprio Conde de Assumar percebia o caráter sedicioso dos habitantes das Minas. O ouro por intermédio da fortuna por ele trazido fazia com que pessoas dos mais variados níveis econômicos e sociais viessem até as Minas Gerais, na esperança de se enriquecer ou aumentar mais ainda seus cabedais. Nestas paragens vieram por os pés várias pessoas com os pensamentos mais diversos e que tiveram contato com o minerador Henequim. Essas pessoas contribuíram enormemente para a formação do Arcabouço do imaginário milenarista de Henequim.
Sem dúvida, o que o levou a fogueira da Santa Inquisição, o nosso personagem, foi as heresias por ele professadas. O fato de ele querer influir ou conspirar junto com o Infante D. Manuel, foi relegado a segundo plano mesmo porque isso não se efetivou. É claro que não seria desejável que todos soubessem que havia uma intenção de conspiração contra o rei, pois isso abriria um processo investigativo que deveria ser entregue ao braço secular da lei a fim de levantar todos os fatos e pessoas envolvidas neste propósito. Seria, portanto, melhor para a coroa portuguesa não alardear que o próprio irmão do rei era um desejoso de poder e que para isso ousava conspirar até mesmo dentro dos domínios reais. Além do mais as heresias encontradas no pensamento de Henequim eram mais que suficientes para queimá-lo na fogueira. Entregá-lo ao braço secular da lei abriria um debate, suspeitas, especulações a respeito de pessoas que ocupavam altos cargos e o resultado não seria bons para estes. O melhor que se tinha a fazer era queimá-lo como heresiarca.
Adriana Romeiro deixa nos claro que não havia um pensamento uniforme dentro da Igreja. Havia padres, religiosos e pessoas comuns que entendiam a religião de forma diferente. Nisso a Santa Inquisição parece ser um meio nem sempre eficaz para manter o pensamento dominante, considerado o correto.
Apesar de várias pessoas terem sido queimadas pelo fogo da Santa Inquisição, isso não garantiu que os que a ela escaparam mudassem seu pensamento. Só fez com que as pessoas que pensavam diferente do considerado certo tomasse mais cuidado ao emitir opinião sobre qualquer coisa.
A autora fala também da participação de Henequim na guerra dos Emboabas e sustentam que todos os emboabas, ou seja todos que não eram nativos do Brasil, estiveram envolvidos direta ou indiretamente nesta guerra, cujos os motivos era a disputa pelas minas de ouro.
Henequim é um personagem real, que nos mostra a heterogeneidade do pensamento da época e os conflitos religiosos que se propagavam em seu tempo. Ele é um fruto de seu tempo, mas que está além dele. Seu pensamento é diferenciado da grande maioria de homens de seu tempo. Ele é um homem ambicioso e que com muita coragem, mesmo diante da possibilidade de perder sua vida pelo que peso de suas opiniões nunca volta atrás no que ele diz.
Através da análise do personagem Henequim, Adriana Romeiro, busca relações com o mundo e as pessoas da época, inclusive as elites. Mostra-nos que o mundo parece pequeno quando aparece idéias ambiciosas como as deste astuto e corajoso personagem. Apesar de os meios de comunicação da época serem precários a difusão de idéias era bem rápida.

Bibliografia:
ROMEIRO, Adriana. Um visionário na corte de D. João V. Revolta e milenarismo nas Minas Gerais. Ed. UFMG.. Belo Horizonte. 2001.














Geraldo Henrique de Mesquita.
[1] Página 28. Um visionário na corte de D. João V: Revolta e milenarismo nas Minas Gerais.

Terrorismo x globalização

FUNEDI/UEMG/ISED
Disciplina: História e Etnia: Configurações do Mundo Árabe.
Professora: Flávia Lemos Mota de Azevedo.
5° Período do Curso de História.
Aluno: Geraldo Henrique de Mesquita.

Artigo:

Democracia x Terrorismo no mundo moderno globalizado.

Apresentação do Argumento do Artigo:
Meu argumento é que a democracia, fruto desejado dos governos onde há liberdade de expressão, liberdade de ir e vir, de professar uma religião, baseado no direito de ser respeitado e no dever de respeitar as pessoas; suas crenças e sua cultura; só pode ser conquistada e ou mantida onde se tem uma ética de respeito mútuo. Só há democracia onde são combatidas e anuladas todas e quaisquer lutas armadas terroristas. Onde se usa armas, pessoas, equipamentos com a função de destruir sem qualquer aviso; sem diferenciar civis de militares, inocentes de culpados não pode haver democracia.
Pretendo conceituar o que no mundo de hoje nos parece ser a democracia, diferente da democracia do período clássico grego e o que nós entendemos por terrorismo. Além disso, conceituarei o que me parece ser formas de terrorismo, os personagens do terrorismo, o ponto de vista dos terroristas, o perigo do terrorismo ser apoiado por algum Estado Nacional, bem como as possibilidades que temos para combater o terrorismo assim como os caminhos mais eficazes a serem tomados para combatê-lo. Sem, contudo, esquecer em que a globalização tem contribuído para aumentar o terrorismo e em que ela pode ajudar em seu combate.
Analisarei também a relação de poder do mundo ocidental com o oriental comparando e levantando hipóteses a respeito da importância econômica do mundo oriental, as diferenças culturais, as semelhanças comportamentais, a religião, a política, o petróleo, as relações comerciais, com o ocidente, etc.
Para escrever este artigo utilizarei do livro de Eric Hobsbawm "Globalização, Democracia e Terrorismo", do livro "Sobre o Islã. A afinidade entre Muçulmanos, judeus e Cristãos e as origens do terrorismo", de Ali Kamel, e de filmes como "Paradise Now", "Sihiana", "Fahrenheit, 11 September", etc. O artigo terá um caráter de reflexão sobre os acontecimentos contemporâneos a nossa vida e procurará expressar a minha opinião que ora concordará com autores e filmes e outras vezes irá diferir.
______________________________________________________________________
Quando assistimos estarrecidos o ataque de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center e percebemos que sem aviso algum uma nação presupostamente democrática fora atacada, imaginamos imediatamente que mundo não estava mais seguro, pois não é preciso mais uma declaração de guerra ou algo assim para se ter uma ataque que foi denominado incontinenti “terrorista’’. A ética da guerra foi quebrada. Ficamos tentando entender o que havia ocorrido, pois a televisão com o seu grande poder de comunicação imediato nos mostrou em cores vivas uma situação incontestavelmente triste. Nós pobres mortais não podemos perceber de imediato o significado dessa ação extremamente violenta. Não que não que nunca houvesse havido outros ataques dessa natureza no longo curso da história mundial que houvesse causado tamanhos estragos. Na verdade houve outros ataques a inocentes, a civis sem qualquer aviso, que causou um estrago maior, deixou feridos, uma memória de sofrimento e dor, só que daquela feita os autores eram os Estados Unidos que desesperadamente visava por fim a uma guerra, que queria indubitavelmente mostrar seu poderio militar para o mundo, como foi o caso de Hiroshima e Nagasaki, no Japão no transcorrer da 2ª grande guerra mundial. E isso foi um ato que despertou um grande medo e horror no mundo. Os Estados Unidos naquela feita queria mostrar que era contrario a governos autoritários, e que eram a favor da democracia. Uma democracia baseada na liberdade, no voto, na livre expressão das idéias. Ironicamente defende-se a democracia com atos de autoritarismo e com absoluta falta de respeito a vida humana.
Agora depois do 11 de setembro de 2001, volta-se uma vez mais a se falar em democracia. O país que alardeia para que todos possam ouvir que é um pais democrático, um país de oportunidades, um país de direitos iguais é atacado em casa, sem poder revidar imediatamente, sem ter certeza de que o atacou. Este ataque talvez de certa forma tenha sido feito para mostrar que ninguém esta a salvo, a ponto de dizer que não pode ser atingido por nenhum outro país por se tratar da maior potência militar e nuclear do mundo.
Se rememorarmos a Grécia no Período Clássico de sua história poderemos perceber que a democracia era o governo do povo. Mas quem era o povo? Respondendo a essa pergunta digo que povo era quem tinha propriedade, quem tinha o direito ao voto, era todo o cidadão que não era filho de escravo e era filho de pai e mãe proveniente da Pólis onde habitava. Só quem tinha propriedade tinha tempo para o exercício de sua cidadania, só quem se dedicava ao ócio podia dedicar seu tempo às atividades políticas. Os cidadãos gozavam da isogoria e da isonomia. As mulheres eram consideradas entes inferiores, e os escravos passavam por um processo de coisificação: ficavam alheios a todo esse processo.
A democracia de hoje em dia é diferente, diz-se que todos são iguais, nascem iguais, tem os mesmos direitos e os mesmos deveres. Entretanto apesar do direito de voto e de opinião ser comum a todos e vivermos numa sociedade em que legalmente não há escravos. Percebemos que uns são mais iguais que os outros, que o poder econômico e político e o interesse de grandes empresários, dos grandes conglomerados, das elites, etc. é que se sobrepõem aos demais e usando da mídia convencem e fazem valer seus pontos de vista e seus interesses. Vivemos em um mundo globalizado, o mundo da informação, da informação em tempo real. A globalização tem mostrado seus efeitos grandemente no comércio internacional, rompendo barreiras legais e protecionistas. Além de trazer o novo, o inusitado para dentro da casa de cada um. Essa globalização tem atingido principalmente os países mais industrializados, com maior poder de compra. Os paises menos industrializados e não protegidos por barreiras alfandegárias ou tributações extras acabam por receber apenas produtos, valores, idéias, propagandas e toda sorte de meios de que se lançam mãos os empresários que possuem hoje um capital virtual, sem pátria, que investe em um e em outro país sem tem qualquer preocupação social ou humana com os habitantes desse “país alvo”. Assim como o capital tem se mostrado volátil e fugitivo ao menor sinal de instabilidade econômica onde é investido e têm facilidade de entrar e sair, também assim são as pessoas que conhecendo a realidade dos diversos países do mundo encontram maior facilidade para viajar, estudar e trocar experiências com pessoas dos mais variados lugares do globo. Como a informação e o capital o terrorismo e seus focos também não tem pátria, estão onde seus interesses sem encontram.
Fico observando a facilidade que encontraram os seqüestradores dos aviões da American Air Lines para entrar nos Estados Unidos. É claro que tudo foi facilitado pelo poder de organização e a grande disciplina destes terroristas e do grupo que faziam parte. Não é mais preciso ter armas, ter grandes bombas, muito material explosivo, armas químicas, é preciso antes de tudo disciplina, organização e planejamento na execução de um plano como foi provado no caso do ataque ao World Trade Center. O filme “WTC. Por trás do 11 de setembro “ mostra como pessoas comuns, nascidas em famílias ricas, cujos familiares não têm nenhum histórico de participação em guerras, ataques terroristas, não são fervorosos seguidores do Islã, tem uma vida relativamente parecida com a de muitos ocidentais ; podem se enveredar para o caminho do extremismo religioso. Não se pode culpar nenhuma religião por atos de terrorismo, pois isso não está escrito textualmente em nenhuma religião que tem um livro sagrado, é tudo questão de interpretação, é questão de filiação política[1]. E a política de nenhuma forma se desvincula da religião na visão desses “terroristas”. O povo mulçumano em sua grande maioria não é assim. Apesar de se sentir injustiçados pelas invasões de territórios que anteriormente eram sabidamente seus, não agem assim desta forma que nós ocidentais pensamos ser um total desrespeito a vida humana. Nós ocidentais nos queixamos dos outros os “orientais” dizendo que não respeitam a democracia, mas devemos ver que pelo menos respeitam um pouco mais a vida humana. Os massacres feitos por extremistas islâmicos, apesar de terríveis não alcançaram o enorme grau de crueldade ocidental.

A democracia, não parece elemento suficiente para a manutenção ou deposição de algum governo. O respeito à vida deveria ser além da democracia outro item a ser observado. O fato é que em nome de uma democracia, em nome de se dar o direito a uma população de um determinado país, se manda tropas para lá, se derruba seus governantes, destrói-se pontes estradas, afugenta seu povo, invade casas, se prende e ou mata pessoas, e toma-se conta da economia daquele país fazendo acordo comerciais, estabelece-se indústrias estrangeiras que a pretexto de ajudarem estruturar o país cujos líderes foram derrotados e seus simpatizantes e colaboradores destituídos de poder. Acabam por sugar as riquezas e os recursos naturais daqueles países. Em nome da democracia insisti-se a dar guerra a países que não tem como agredir ou interferir no interesses dos “invasores”.
O terrorismo tem servido de desculpa para essas invasões e se procura por todos os lados indícios que este ou aquele país esteja colaborando com grupos extremistas religiosos, produzidos bombas, artefatos ou qualquer outro projeto ofensivo que possa atentar contra a democracia. Noutros tempos se combatiam em nome de Deus, em nome da fé católica, em nome de crenças, onde se pensava que uma cultura era superior à outra. Vimos que se observarmos isto pouca coisa mudou. Continua-se a serem praticados atos de extrema violência de parte a parte do globo. Isso nos faz pensar o que é o terrorismo. Se as pessoas, se os países que dizem combater pela democracia não são tanto ou mais terroristas que os tachados terroristas.
Mas o que é terrorismo? Para grupos como o Al Qaeda, parece ser uma forma de tentar desmoralizar o inimigo e mostrar ao mundo a sua opinião sobre o que pensa a respeito da intromissão de países como os Estados Unidos da América, no Oriente Médio, [2]patrocinando e legitimando um Estado judeu criado graças às forças militares primeiramente da Inglaterra e posteriormente passado seu controle aos Estados Unidos da América. Já que não possuem contingente humano suficiente para poderem armar e constituir um exército poderoso, doutrinam jovens mulçumanos e os prepara para executar perigosos atos de destruição. A ideologia destes “Terroristas” é a religião, é a interpretação que fazem do Alcorão, e a crença que os Mulçumanos têm que são um povo escolhido, um povo dever seguir Alá, um povo que deve pregar e fazer a guerra santa expulsando todos que não a professem dos lugares que julgam ter direito a eles, a terra que julgam ser só deles. Como no século XII e XIII o ocidente promoveu a cruzada com o objetivo de colocar na mão dos Cristãos a terra santa, sem falar dos motivos econômicos que não podem ser desprezados; com argumento semelhante estes extremistas religiosos também querem administrar o Oriente Médio, sem interferência de estrangeiros ou de quaisquer outras pessoas que professem fé diferente da Islâmica. Esses extremistas são minoria, mas fazem um barulho e um estrago muito grande.
Desde que houve o ataque ao World Trade Center, o mundo viu realmente o que são capazes e o poder de fogo que possuem, ou melhor, não possuem muito poder de fogo, mas graças a sua inteligência e persistência podem tomar armas das mãos de inimigos e usarem nesta empreitada.
A guerra nunca é boa à medida que mata pessoas, destrói países, desestrutura sociedades. Entretanto parece necessária quando um país agride os direitos humanos, quando são mortas pessoas por nada, pessoas inocentes. Parece necessária e até pode ser aceita quando não há nenhuma outra possibilidade de acordo, quando falhada todas as medidas adotadas para restabelecer direitos humanos básicos como a vida e a liberdade. Ninguém tem o direito de tirar a vida de outro, de cercear a liberdade de alguém em seu proveito principalmente quando são pessoas que não prejudicam a ninguém. No caso do Iraque podemos perceber que apesar de boatos de desrespeito a vida humana, de construção, manutenção ou possibilidade de criação de armas perigosas que afetariam aos direitos humanos mais básicos nada se confirmou.
O Presidente Bush invadiu o Iraque, usando de argumentos de que este Estado colaborava com os terroristas e podiam ou estavam construindo armas de destruição em massa, armas biológicas e até nucleares. Passada a Guerra do Iraque descobrimos que isso não é verdade e ficamos pensando qual seria o verdadeiro motivo da invasão do Iraque e porque os Estados Unidos buscava desesperadamente motivos para atacar o Iraque. É bem verdade que a importância econômica do Oriente Médio nos é muita das vezes subestimada. Não devemos esquecer que o Ocidente depende muito do petróleo extraído no Oriente Médio e que paises como, por exemplo, a Arábia Saudita tem muito dinheiro investido em paises como os Estados Unidos da América. [3]
Aqui lanço uma pergunta, será os Estados Unidos também apesar de ser uma nação que alardeia ser democrática, e que prega a luta contra o terrorismo e contra aqueles que patrocinam ou promove o terrorismo, também capaz de cometer erros e praticar atos que podem ser considerados terrorismo? O que a população, o povo, as pessoas que não participam da política, são meros expectadores como o povo inocente do Iraque pensam sobre os Estados Unidos? Em que a globalização pode ter auxiliado no combate e na difusão do Terrorismo?
Tentando responder a essas perguntas eu diria que ninguém gostaria de ver invadido seu país e que apesar de pelo menos uma parte da população se sentir feliz por ver deposto um ditador de seu cargo, gostaria de ser governada por pessoas nascidas naquele país e não ficar submetida a “proteção” de soldados de um país estranho. Essa proteção é perniciosa, pois compromete a liberdade de um povo, a sua cidadania, o direito de escolha e de ser governado por aqueles os quais foram escolhidos e por isso tem o poder de administrar o país. Só a livre escolha dá legitimidade a um governo.
A globalização contribui pela difusão de informações, de idéias, de cultura, do comercio, das barreiras alfandegárias, de acordos comerciais, da divulgação de filmes, novelas, livros, etc. Essas relações comerciais e de outras naturezas diversas podem estar contribuindo também para o estimulo a violência à medida que extremistas religiosos sentem-se invadidos, caluniados, sobrepujados pelo poder econômico, pelo mercado cultural, pelas mudanças de costumes, pelas desestruturações familiares, causadas pelas mudanças econômicas, pelas mudanças culturais e pela “invasão de valores estranhos”, por isso sentem que devem revidar que devem lutar contra o que consideram corrupção de costumes, denigrem a religião e vai contra os valores fundamentais da pessoa humana os quais julgam imprescindíveis para o bom trilhar nas veredas de suas crenças, no caminho da “religião verdadeira”. Além do mais a divulgação imediata da mídia dos atos terroristas que coloca em questão de pouco tempo nas telas do mundo tem feito esses terroristas privilegiar ataques em lugares públicos a fim de haver um maior efeito moral nas populações locais e da opinião do resto do mundo. Eles buscam visibilidade querem que o mundo saiba do que pensam e saibam que existe alguém lutando por interesses diferentes. A mídia de certa forma coloca-os em evidência, da importância real a esses ataques, faz o mundo pensar no que tem feito no que está certo e no que pode estar errado.
Um desses grupos é o de extremistas “terroristas” que visam libertar o mundo mulçumano da interferência de forças políticas externas. Parece ser um grupo armado religioso, com interesses políticos. Sobre isso Hobsbawm diz o seguinte:
“...O mais terrível dos movimentos terroristas internacionais, a Al-Qaeda, provavelmente não tinha mais do que 4 mil indivíduos nos seus dias de Afeganistão. A segunda característica (como rara exceções, como a Irlanda do Norte) era a de que seus integrantes “eram em média mais cultos e de condição social mais alta do que outros membros da comunidade á qual pertenciam”. Os candidatos a recrutas da Al-Qaeda que receberam treinamento no Afeganistão na década de 1990 eram segundo a descrição “das classes média e alta de famílias bem estruturadas”... ’’[4]
As pessoas que praticam esses atos de terrorismo pensam estar fazendo a coisa certa, estar lutando na Jihad, que são mártires guerreiros contra os infiéis, os cruzados, que querem escravizar seu povo e não aceitam a religião do outro. Eles pensam que agindo assim estão contribuindo para a difusão do Islamismo, estão combatendo o mal, que receberão uma recompensa por isso, serão recebidos por virgens no céu e estarão junto com o profeta logo após sua morte, por isso não temem a morte. Eu penso que essa crença não é só religiosa, e os interesses defendidos por esses extremistas radicais não são só religiosos, são também econômicos. Basta dizer que líderes desses grupos religiosos possuem empresas que seguem os moldes capitalistas do lucro, e que às vezes se beneficiam desses atos de violência. O que dirão os que vêem o petróleo subindo o seu preço depois do ataque de 11 de setembro de 2001, empresas que vendem armas alcançando elevação nos preços de seus artigos bélicos logo após o ataque. [5] E não são somente estes extremistas religiosos cujos lideres possuem empresas capitalistas que ganharam com isso, que ganharam com a baixa de vida humanas no World Trade Center, também ganharam a indústria da guerra, que não ganha nada com a paz, que fica esperando por haver uma “arenga” em alguma parte do globo para poder vender seus artefatos bélicos, são os empresários que montam negócios nos países invadidos com o apoio militar e a segurança dos países promotores dessas invasões. Eles adoram levar a guerra aos outros. Só não querem a guerra dentro de seus países.
Para combater o terrorismo é preciso combater suas causas que me parece ser a falta de uma efetiva política internacional que coloque em debate as grandes questões pertinentes ao mundo moderno, como tolerância religiosa, interferência política econômica em países que passaram ou estão passando por processos de libertação, de calamidade social, de severa pobreza. Além de respeitar a liberdade de expressão e de organização de todos os países do mundo. Cada país deveria ter o direito de escolher quais são os seus amigos e poder privilegiar políticas de integração regional.
Os países ricos do mundo, em geral se aproximam desses pequenos países com estrutura política e econômica fraca com o pretexto de ajudá-los, mas o que se vê é que querem conseguir vantagens políticas e econômicas com isso, muitas das vezes tomando conta de recursos naturais desses países e interferindo em sua política.
Para controlar o terrorismo mundial também é necessário criar formas estabelecidas em conjunto com todas as nações do mundo, para que não haja nenhum lugar que estes terroristas possam se esconder ou desenvolver suas atividades. Todo ou qualquer país que abrigue ou apóie grupos terroristas deve ser obrigado a prendê-los e levá-los a julgamento para que tenham uma pena estabelecida de acordo com a comunidade mundial.
A possibilidade de um Estado Nacional apoiar o terrorismo se efetivar é altamente perigosa, pois será muito mais difícil de ser combatido, reprimido e sublevado já que o terrorismo mesmo contando com grupos formados relativamente por poucas pessoas tem feito muito estrago, tanto mais estrago fará se contar com uma estrutura estatal para promover o terror.

Referencias Bibliográficas:
KAMEL, Ali. Sobre o Islã. Afinidade entre mulçumanos, judeus e cristãos e as origens do Terrorismo. Ed. Nova Fronteira. 2007
HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo, SP: Companhia das Letras. 2007
Filmes:
Paradise Now
Fahrenheit, 11 September.
Paradise Now
Sihiana
WTC. Por trás do 11 de Setembro.










___________________________________________________________________________
Geraldo Henrique de Mesquita.



[1] Ver Ali Kamel
[2] Sobre isso ver o filme: Sihiana.
[3] Sobre isso ver o documentário:Fahrenheit, 11 September.
[4] HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Pág. 132-133
[5] Ver: Fahrenheit, 11 September.

Karl Marx

No link acima você encontrará informações a respeito de Karl Marx.
Na página que se abrirá você encontrará informações preciosas sobre outros contéudos também.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Brasil República

Você encontrará várias informações sobre a República Brasileira, inclusive os períodos em que ela se divide.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Inconfidência Mineira

Algumas informações a respeito da Inconfidência mineira e as minas do século XVIII.

Cartismo

Refere a carta que os trabalhadores queriam ver aprovada pelo parlamento.
Uma espécie de lista de direitos exigidos.

Ludismo

O movimento social contrário a exploração do trabalhador.
Leia para conhecer os resultados e objetivos do Ludismo.

Revolução Industrial

Você vai conhecer as etapas da Revolução Industrial, os países onde ela ocorreu primeiramente bem como suas características econômicas e social.
A passagem do sistema de produção artesanal para a produção fabril. Tente observar o que mudou na vida do trabalhador comum obrigado a trabalhar exaustivamente.
Procure pensar no que levou o desenvolvimento da indústria e a expansão territorial das cidades.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Mapas do Oriente Médio

O link leva a um site especializado em turismo com mapas bem elaborados e com informações bastante completas.

Mapas na Internet

O link leva a uma página na internet de mapas bastantes atuais do Brasil e da América do Sul, além de trazer informações turísticas importantes.

Sites de revistas de História

Siga o link que vai dar em uma página da internet onde você vai encontrar outros links para visitar o site das editoras ou universidades.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Lei Áurea

Veja alguns informações utéis sobre o processo de libertação dos escravos e o que representou a lei.

Regência

Regência Brasileira
1831--1840
Não esqueça de navegar pela página e acessar os links que aparecem para que você conheça melhor um pouco dos eventos relacinados.

Guerras Napoleonicas

Veja informações sobre a vinda da família real para o Brasil e sobre as guerras napoleônicas.

Guerras Napoleonicas

Revolução Francesa

Siga o link e terás algumas informações sobre a Revolução Francesa

Poesia

Quem te vê assim
Com belas roupas a cobrir teu corpo
Nem imagina
Que bela menina
ai está
A sorrir
E a fazer chorar
Meu coração

Quantas saudades
buscando felicidades!

Seus cabelos soltos
A brisa leve toca
A sonhos revoltos
Em meus sonhos envoltos

Quem te quer
Que te ame
Que te amanhe

Menina de fala mansa
Mulher tão feminina



Quantos dias se passaram
Desde que te vi pela primeira vez
Sonhos passaram
Por minhas noites
Mal passadas
Sonhando com você

E a cada vez que
novamente te via
Meu coração estremecia
Era um sonho indizivel
E era possível
Que você sentisse o mesmo



Meu coração te espera
Meu corpo se desespera
Pensando em você
Venha me ver
Me matar de prazer

Link para livros

Links para livros digitais, Cordel
www.ebooksbrasil.org
Clique no link para encontrar livros no formato digital(para ler no computador).
Prefira os livros em formato pdf.
Procure por Catulo da Paixão Cearense, que você encontrará 3 livros de literatura de cordel de valores inestimavéis.

História uma visão

História, uma visão
Sobre a história
Assim se vai o tempo
A desabar o coração que quer desabrochar
Um lugar que nenhum olhar vê
Um sentimento que só existe em pensamento incerto
Uma marca que foi criada
Para delimitar um espaço e um tempo ilimitável
Um tempo incontrolável
Tempo de calendário,
Tempo cronológico,
Tempo psicológico,
Tempo epistemológico
Que escapa entre os dedos
Tanto mais é apertado
Quem pode confiar no que não lhe convém?
Quem pode pedir o que não deseja?
Será tão fácil falar do que não se conhece?
Falar do que não lhe toca?
Reconstruir algo que nunca viu, sem elementos para montar o que não se tem certeza?
A história é assim fruto da construção dos homens, baseada em princípio icognicíveis, em preceitos imperfeitos.
Ela é fruto do olhar do historiador.
As vezes é transviada, para desgosto do historiador, para atender o interesse de quem quer lucrar, criar mitos, legitimar pensamentos, longe de ser uma construção coletiva, impessoal.
É muita das vezes personalista, positivista, arraigada em datas e nomes, em figuras centrais.
Uma pessoa na multidão é vista apenas como mais um ingrediente dessa grande massa; por assim dizer: massa de manobra.

_________________________________________________________________________
Em breve posts, artigos e resenhas de livros de história , neste blog!!!!!!!!!!!!!!!!

PDE

Link para o PDE
Esta é a versão em html do arquivo http://epoca.globo.com/edic/466/pde.pdf.G o o g l e cria automaticamente versões em texto de documentos à medida que vasculha a web.Para criar um link para esta página ou armazenar referência a ela, use: http://www.google.com/search?q=cache:rlyrXvRToqEJ:epoca.globo.com/edic/466/pde.pdf+programa+de+desenvolvimento+da+educa%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=brO Google não é associado aos autores desta página nem é responsável por seu conteúdo.Os seguintes termos de pesquisa foram destacados: programa desenvolvimento educação

terça-feira, 13 de maio de 2008

Caminhos e fronteiras: a visão de um paulista.


Caminhos e fronteiras: Sérgio Buarque de Holanda, 1902 – 1982.
3ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 1994; 300 pág.


O livro aborda as três matrizes da formação do povo brasileiro: o índio, o branco e o negro, apesar de falar pouco a respeito do negro. Mostra a contribuição de cada um na construção ideológica e cultural de nosso povo. Pretende analisar um período de tempo que vai do descobrimento ao século XVIII; observando a expansão territorial brasileira e dando maior enfoque e valorização na contribuição paulista para a cultura, desenvolvimento e desenrolar da história brasileira.
O autor divide o livro em tópicos onde busca alcançar com a utilização de literatura, observações e pesquisas pessoais, além de fontes disponíveis, um estudo às vezes minucioso, outras vezes bem geral sobre tais tópicos.
Podemos entender que o autor sendo paulista valorize mais, e até tenha mais acesso as fontes que tratem do assunto que aborda, a fim de que o trabalho seu ficasse mais completo precisaria de mais tempo, viagens e recorrer a outras fontes.
No entanto apesar de mostrar de certa forma uma visão parcial que supervaloriza a participação paulista, ele nos brinda com reflexões, importantes sobre a nossa cultura, o desenvolvimento econômico nos primórdios do Brasil, problemas enfrentados, permanências e mudanças culturais, de forma de trabalho e até tradições que ao longo do tempo sobrevivem com poucas mudanças.
Sérgio Buarque de Holanda, neste seu livro lança seu olhar através do tempo, tendo como filtro as fontes que escolhe. Lança seu olhar, sobretudo a respeito da vida material do povo ao longo do tempo, na especificidade, do tempo que escolhe para marcar seu espaço de análise, nos trazendo um importante tributo a nossa história. Vemos bem que o brasileiro aqui mostrado é alguém que aprende com o meio em que vive. Para a sua sobrevivência se adapta as condições, mais adversas, onde busca no outro contribuições para o seu meio de vida. O homem lançava mão do conhecimento adquirido graças a observação constante da natureza, que o tornava apto a escolher o momento e a época certa para o plantio, para a colheita, a madeira certa para a construção de suas humildes casas e canoas, a pressentir um tempo bom ou mau que estivesse por vir. Vemos claramente, que o que somos o que comemos, a nossa cultura, é um resultado da mistura que nos faz um povo único.
Sérgio Buarque tenta contemplar os vários aspectos da vida cotidiana, e como os habitantes desta terra, faziam para enfrentar as dificuldades materiais que eram postos a prova a todo o momento. Parece-nos que o homem branco que aqui veio parar aprender, fez muitos usos das técnicas e conhecimentos indígenas, bem como na impossibilidade de poder fazer com que sua vida material se se torna mais amena, viu-se obrigado e de certa forma prontamente adaptado a essa nova situação: o homem branco que noutras paragens estava acostumado a andar sempre calçado, a trilhar caminhos bem desenhados na geografia do seu meio natural, aqui não andava calçado, habituado como fora, forçado pela necessidade, seguia as trilhas indígenas, busca os recursos que os índios graças a sua habilidade e ao contato natural que tinham com os meios naturais, para poder sobreviver, fazer suas conquistas, suas entradas no sertão, em lugares que de nada valia os seus conhecimentos de civilizados, cumpriu lançar mão da natureza e aprender com ela.
Assim podemos perceber que o homem branco se tornou de certa forma, um novo ser, um ser moldado pela necessidade, onde seu corpo, seus pés e suas mãos eram ferramentas e instrumentos que se adaptavam, ao solo, aos espinhos, as necessidades impostas pelo meio.
É nos apresentada a cultura indígena, que de uma forma ou de outra contribui e influi na maneira de viver, nas crenças, costumes, alimentação e outros aspectos da vida material e cultural. Elementos folclóricos, alimentos como o milho, a mandioca, o mel, o uso da cera, a construção de canoas, a forma de se guiar no meio do mato, remédios, lendas, tudo isso e muito mais faz parte da nossa constituição social e cultural e jamais pode ser dissociada do aprendizado da nossa gente.
Problemas como a falta de água em uma marcha? Bambus, cipós, raízes resolviam com a água acumulada em seus interiores. Esta é mais uma técnica aprendida com os índios. Além do mais os índios como moradores desses rincões conheciam o meio onde viviam e exploravam ao máximo os recursos disponíveis. Não podemos também esquecer de técnicas agressoras do meio-ambiente como a coivara, que é sem dúvida umas das maneiras de se limpar a terra para plantar que os agricultores brancos copiaram dos índios.
Ainda se pescava com espinhos tortos, quando de Portugal, se faziam encomendas de anzóis de ferro para a pesca.
Não nos esqueçamos do mel (que o homem branco aprendera com o índio de acondicionar as colméias em cabaças para facilitar o transporte e o manuseio e retirada do mel, em espécies como a jataí) e da cera e suas utilidades nos primeiros tempos do povoamento do nosso Brasil: a utilidade para adoçar os alimentos do mel, como remédio, como iguaria alimentar e a cera para a iluminação os rituais, para encerar os tecidos tornando os impermeáveis a água da chuva. Prova dessa utilidade é que ainda hoje apesar de ser de forma mais organizada e trabalhada o mel constitui fonte de renda, e não se encontrou um alimento natural com poderes terapêuticos similares.
Se bem observarmos a base da alimentação humana no Brasil continuam sendo os mesmos alimentos: mandioca, milho, feijão, batata, o trigo, açúcar, arroz. No caso do arroz houve uma maior generalização de seu uso apenas no final do século XVIII, quando se encontrou espécies mais produtivas e ele se aclimantou-se bem as várzeas paulistas. Sem falar das iguarias do bugre que para o homem que vivia sempre em meio a viagens e deslocamentos, tornou-se fonte de energia, como os pinhões, araticuns, pitangas, etc. O autor nos mostra de uma forma simples a trajetória desses alimentos no cardápio dos brasileiros, ao menos os da região por ele abordada (São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná). Nos primeiros tempos vimos que houve dificuldades para a implantação de alguns como o trigo que aqui era usado da mesma maneira que o milho, até que se se torna uma cultura tão presente no centro-sul de nosso país.
A caça e a pesca sempre foi uma maneira importante de se conseguir alimentos utilizados pelos nossos antepassados para saciar a fome. Na impossibilidade, de muitas vezes não poder esperar os frutos da lavoura e devido a grande mobilidade da população quer indígena ou branca, se torna imprescindível a caça e a pesca bem como a coleta dos frutos e frutas que a natureza oferecem a essa população semi-nômade. Como podemos observar nesse livro, grande parte das armadilhas, técnicas de caça e termos de caça foram apropriados dos índios, os primeiros habitantes desse chão.
O homem branco em suas incursões no mato a fim de fazer novas descobertas ou trilhar caminhos já conhecidos se usava algum arma de fogo como o arcabuz, por exemplo, tinha que contar com a sorte da umidade não contaminar esse meio de proteção ou ataque conforme o caso e via-se na eminência do gentio da terra lhe superar dado a conhecer melhor o terreno e mesmo dispondo de somente arco e flecha lhe surpreender e ter mais vantagem dado a facilidade do manuseio de rudimentar artefato que poderia indubitavelmente fazer pontaria e atirar cinco ou seis flechas enquanto este outro ainda estivesse no primeiro tiro, sem falar, que com o expediente do branco dificilmente se faria surpresa devido ao tamanho e ao ruído da arma.
Para a defesa, o paulista, como bem diz o autor, para se prevenir das estocadas das flechas contrárias em suas incursões à busca de ouro, índios, ou andanças a busca de alguma caça souberam fazer do couro da anta proteção contra as flechas. Essas couraças que serviam para resguardar o peito, às vezes também as pernas e braços eram revestidas de algodão da terra. Este algodão da terra acabou-se por sobrepor-se ao importado que inutilmente até o século XVIII o europeu tentava substituir por outro que vindo da Europa era mais precoce, mais tinha a desvantagem de ter que se plantá-lo anualmente enquanto o algodão arbóreo natural do Brasil no segundo ano continuava se desenvolvendo e produzindo.
A população que seguramente no período tratado pelo livro que em sua imensa maioria habitava os campos e estava acostumada para prover seu sustento, seu agasalho, sua comodidade, apreender do índio técnicas primitivas que possibilitaram à criação da manufatura dos tecidos rústicos de algodão, os panos, as redes e outros objetos que se usava de ordinário o algodão faziam o necessário para a sua manutenção. Apesar de haver proibição régia para se fabricar tecidos finos, mais bem acabado a gente do interior acostumadas com a intempéries do clima e as condições insalubres do meio em que viviam isso a eles pouco ou nada afetou.
Para o tratamento de moléstias o sertanejo muitas das vezes utilizou como ainda utiliza hoje de alguns remédios, ervas ou atitudes que não poderemos dizer dado a mistura que se tem se é de origem indígena ou européia. O que sabemos é que os três elementos que constituíram o povo brasileiro contribuíram para a formação do folclore, coisa que torna o brasileiro um ser único. É certo como nos fala o autor que houve pelo menos em muitos rincões dificuldade em se impor uma língua puramente portuguesa, pois os homens que aqui viviam estavam acostumados a usar o linguajar onde se encontrava traços de todas as culturas aqui representadas: a nativa, a européia e a africana. Tanto é que são conhecidos a influência inclusive nas superstições que recebeu nosso povo a crença em mau olhados, a crença em castigo divino, etc. encontrado em nosso povo. Isso se dá também pela influência da igreja católica no nosso meio que desde os primeiros tempos esteve presente.
Os jesuítas tiveram sua grande colaboração à medida que fazia a ligação do índio sua cultura e a cultura branca. O jesuíta e o branco em geral ensinavam, mas também aprendiam com o índio. E de notório saber que o jesuíta procurava se inteirar da cultura indígena e da sua língua antes de começar a catequese.
O nosso autor não cessa de citar suas fontes como Hans Staden que descreve em pormenores a sua experiência de vida entre os índios do Brasil, pecularidades como o estrago que o bicho de pé fazia nos pés dos nativos pelo descuido de dar-lhes tratamento adequado. É bem certo também o quanto o europeu temia os mosquitos e as doenças causadas por algumas espécies deles que acometeram de morte muitos brancos, índios, escravos nas incursões de reconhecimento de terra, na ida pelos rios até o Cuiabá, que deixou muitas vitimas pelo caminho, mas que apesar de saber dos males que corriam por esse trajeto ele ainda era preferível que o trajeto por terra que certamente seria pior porque ainda além das auguras do clima, e os malefícios de doenças ainda teriam que enfrentar índios bravios.
Não podemos nos esquecer do privilégio tido pelas pessoas mais velhas entre os índios, que nos mostra o respeito que nos falta a nossos idosos. Os idosos entre os índios são tidos como sábios como detentores da sabedoria necessária à vida, conhecedores de remédios, sortilégios e são memória viva dos antepassados.
Passagem interessante do livro é donde fala dos peões e tropeiros, da utilidade do tropeiro no pequeno comercio que se verificava na América Portuguesa por serem eles que vendiam elementos necessários à vida, pelo menos a quem podia comprar como o sal, algum tecido, alguns itens da botica médica sertaneja. As primeiras estradas e lugares de passagem por tortuosos que eram e de difícil acesso, também por serem estreitos dificultavam a passagem de homem a cavalo, por isso na grande maioria das vezes era preferível fazer se marcha a pé e com auxilio de escravos ou até mesmo índios domesticados, conduzir a carga necessária à viagem e se transportar instrumentos necessários à vida sertaneja. O cavalo só tornou-se recomendável, com o tempo à medida que as estradas se tornaram mais largas e transitáveis, sem esquecer que nem sempre havia lugar para adquiri-los e sua manutenção era custosa.
Dentre os instrumentos agrícolas que auxiliam o homem do campo nas suas tarefas mais rotineiras como preparar o milho para fazer a canjica, o arroz que deveu sua utilização já um pouco mais a frente no segundo século da exploração e habitação de portugueses no Brasil, o monjolo foi importante. Encontrava-se como ainda há poucos anos se encontrava em pontos isolados, vários modelos deste instrumento de origem asiática, movidos com a utilização da água ou com a interferência direta humana. As quedas de água que o nosso país é pródigo veio em boa hora no auxilio deste instrumento que tem lugar cativo na historia cabloca. O monjolo auxiliou muito o homem sertanejo no preparo de cereais para a alimentação humana, tanto é que dada à facilidade de seu uso para o preparo do milho para se fazer a farinha de milho, tornou esta farinha preferível a de mandioca, talvez pelo seu sabor diferente, mas certamente pela facilidade maior de se preparar este alimento que fazia parte da ração essencial humana, entrando como artigo indispensável no preparo de alimentos de valor nutricional importante. Na página 147 encontramos um pequeno trecho que nos fala de alimentos importantes nas incursões bandeirantes, não só pelo valor nutricional como também pela facilidade de preparo. Esses artigos essenciais acrescidos de frutas e alimentos encontrados na natureza constituíam uma dieta razoável para o bandeirante.

...Esses produtos, e particularmente o feijão, que era o panem nostrum quotidianum dos navegantes, segundo um deles, compunham, com efeito, a base de toda a sua dieta. A farinha servia não só para as refeições principais, mas ainda, se de milho, para o preparo da jacuba, beberagem indefectível nessas jornadas. Para completar recorriam aos pescados também aos palmitos, frutas e caça, que se apanhavam geralmente a tarde, quando as canoas embicavam pelos barrancos, ou de manhã, antes de prosseguir a viagem.

Houve tentativa da parte dos governantes em tentar impor certo gosto alimentar, tentativa que não deu em nada, como a de certa forma querer obrigar no estado de São Paulo, aos agricultores de plantar o trigo, só futuramente nas várzeas sulinas essa cultura encontro bom êxito e agricultores que se interessasse em plantá-la.
As incursões bandeirantes paulistas segundo parecem ao autor, junto com a criação de gado, foram elementos essenciais para a expansão territorial do nosso Brasil. Os bandeirantes estavam na maioria das vezes à procura de minas de ouro, que após seu esgotamento acaba por fixar a população nestes locais. A agricultura era desprezada por esses garimpeiros, pois procuravam seu sustento enquanto continuavam iludidos com o ouro nas matas e nas poucas reservas que levavam consigo e quando não tinham outro remédio plantavam algum alimento como o feijão e o milho dado a sua rapidez para fornecer o sustento. Essas minerações foram responsáveis pelo deslocamento e pelo povoamento de áreas antes não penetradas. Os rios como o Tietê e o Paraná foram importantes vias fluviais para o deslocamento e para facilitar o povoamento de novas áreas. Estes rios como também seus tributários serviam de rota e de bússola para que esses intrépidos bandeirantes não se perdessem e organizassem melhor suas bandeiras.
A agricultura dava poucos resultados, não houve alguma melhora enquanto não houve a introdução de alguns instrumentos agrícolas metálicos como o arado e a charrua para preparar a terra. E claro que esses instrumentos agrícolas tiveram que sofrer algumas adaptações para poderem melhor servir ao clima, a técnica agrícola, e as terras do nosso Brasil. A respeito da tentativa de se fabricar instrumento metálico que pudessem auxiliar na nossa agricultura, Sergio Buarque de Holanda, nos faz referencias aos engenhos de se preparar o ferro em lingotes para que os ferreiros pudessem fazer as ferramentas indispensáveis. Essa tentativa se esbarrou na imperícia dos investidores e donos do engenho, a falta de pessoas qualificadas para lidar com os fornos catalães, o alto custo do metal ao consumidor final e porque não dizer o pouco interesse das pessoas governantes. Devido a isso se tornava lamentavelmente mais favorável importar artigos metálicos. Enquanto isso Portugal que deveria fornecer esses artigos não possuindo indústrias que manufaturasse tais artigos ou não os tendo em quantidade suficiente era obrigada a recorrer a grande potência da época: a Inglaterra.
O homem brasileiro nestes primeiros séculos de civilização, não estava acostumado a luxos, tanto é que preferia usar de redes ao invés de cama a tal ponto de se considerar a cama um artigo de luxo digno somente de pessoas nobres ou muito ricas. É certo que a população dos primeiros tempos em sua boa parte estava em mais contato com a natureza e era mais móvel por isso o uso da rede que era de mais fácil transporte e nos climas mais quentes era melhor aceita. O autor nos relata usos da rede carregada por índios ou escravos até como meio de transporte para pessoas mais ricas para se moverem em lugares de difícil acesso que as preferiam aos cavalos.
O comércio estava quase que sempre restringido a produtos de primeira necessidade, já que os habitantes nestes primeiros séculos de colonização como trata o livro, produziam basicamente todos os gêneros necessários à subsistência. O que era comprado ou trocado era o que faltava ou não havia meios de se produzir no meio onde se vivia. Havia um comércio de importância que não podemos desprezar, mas só que apenas entre as pessoas de posses que poderiam se dar ao luxo de comprar algo mais do que o trivial para a subsistência: Como instrumentos para a agricultura, tecidos finos, algumas jóias ou algum outro objeto. A maioria da população que naturalmente vivia no meio rural e eram constituídos de pessoas com poucas posses, escravos e índios não tinham como adquirir estes bens.
O livro é bom, peca somente pelo excessivo zelo e valor exarcebado dado à contribuição paulista, esquecendo-se ou não dando espaço a outras localidades. O Brasil deve ser um conjunto de atributos constitutivos onde todas as unidades federativas encontrem o espaço para mostrarem seu valor. O livro trata apenas de uma região do Brasil, seus usos e costumes na vida material durante um lapso de tempo.
___________________________________________________________________________

Link para biblioteca dos fransciscanos

quinta, 13 setembro, 2007
Link para biblioteca dos Fransciscanos em Divinópolis
Alô, pessoal!

Abaixo vocês tem o link para entrar direto e consultar o acervo da biblioteca dos Franciscanos em Divinópolis. Lá vocês vão encontrar obras raras e antigas, além de material histórico de inestimável valor acadêmico. A linguagem do site é bastante intuitiva, você encontrará com facilidade o que deseja. São mais de 30 mil volumes.
Um abraço!

www.franciscanossantacruz.org.br


Parlendas
Engenho novo

Engenho novo,
Engenho novo
Engenho novo, Estribilho
Bota a roda
Pra rodar.

Eu dei um pulo,
Eu dei dois pulos,
Eu dei três pulos,
Desta vez pulei o muro,
Quase morro de pular.

Capim de planta,
Xiquexique,
Mela-mela,
Eu passei pela capela,
Vi dois padres no altar.



Pezinho
Ai bota aqui , ai bota aqui
O teu pezinho.
O teu pezinho Bem
juntinho com o meu .

e depois não vai dizer
que você já me esqueceu.

E no chegar deste teu corpo,
Um abraço, quero eu.

Agora que estamos juntinhos,
Me de um abraço e um beijinho.


O cravo e a rosa

O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada.
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.

O cravo ficou doente
A rosa foi visitar.
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs a chorar.
Ciranda , cirandinha

Ciranda , cirandinha
Vamos todos cirandar.
Vamos dar a meia-volta
Volta e meia vamos dar

O anel que tu me destes
Era de vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.

Ciranda , cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos ver a fernandinha
Que já esta para se casar.

Por isso fernandinha
Faz favor de entrar na roda
Diga um verso bem bonito
De adeus e vá embora.



Periquito Maracanã .

Periquito Maracanã ,
Cadê a tua Iaiá ?

Faz um ano, faz um dia
Que não vejo ela passar.

Ora vai chegando, ora vai chegando.

Ora vai afastando, ora vai afastando.

Ora vai pulando, ora vai pulando.

Ora vai rodando, ora vai rodando.


Caranguejo

Caranguejo não é peixe,
Caranguejo peixe é .
Caranguejo só é peixe
Na vazante de maré.

Palma , palma,palma.
Pé, pé , pé.
Roda, roda, roda.
Caranguejo peixe é.

Caranguejo não é peixe,
Caranguejo peixe é.
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré.


Pirulito

Pirulito que bate, bate.
Pirulito que já bateu .
Quem gosta de mim é ela ,
Quem gosta dela sou eu.

Pirulito que bate, bate.
Pirulito que já bateu.
A menina que eu amava,
Coitadinha já morreu.



A mão direita


A mão direita
Tem uma roseira bis


Que dá flor
Na primavera. bis



Abraçai a mais faceira. bis




A mais faceira
Eu não abraço. bis

Abraço
A boa companheira. Bis



Marcha soldado

Marcha soldado,
Cabeça de papel.
Se não marchar direito ,
Vai preso pro quartel.

Quartel pegou fogo.
Francisco deu sinal
Acuda, acuda, acuda
A bandeira nacional.


Anquinhas

A moda das tais anquinhas
É uma moda estrangulada.
Depois de joelho em terra
Faz a gente ficar pasmada.

Maria, sacode a saia.
Maria, levanta o braço.
Maria tem dó de mim.
Maria, dá-me um abraço!


Eu fui ao Itororó

Eu fui ao Itororó
Beber água e não achei!
Encontrei bela morena,
Que no Itororó deixei.

Aproveite minha gente,
Que uma noite não é nada.
Se não dormir agora,
Dormirá de madrugada.

Ó Maria ,
Ó mariazinha,
Entre nessa roda
Ou ficará sozinha.

Sozinha, eu não fico
Nem hei de ficar,
Porque tenho Marcos
Para ser meu par.



Mulher rendeira.

Olé ! mulher rendeira
Olé!Mulher rendá,
Tu me ensinas a fazer renda
Que eu te ensino a namorar.

As moças de Vila-Bela
Não tem mais ocupação
É só ficar na janela
Namorando Lampião .

Lampião desceu a serra
Deu um baile em cajazeira
Botou as moça donzela
Pra cantá mulher rendeira.

O olhar de Najela

Na sala ou na cozinha
Na varanda ou na janela,
Lá vem ela todinha
Vermelha e amarela.

Na rua ou na calçada
Na escola ou na vizinha,
Lá vem ela só ela.
Pulando amarelinha.

Na escada ela sobe
Pra pegar uma estrelinha
Na parede ela pinta
As letras do seu nome.

Nada de tristeza!
Na janela só tem ela
Olha , olha, olha
E não para de olhar
E olha , olha, olha
E não se cansa de olhar


Se esta rua fosse minha

Se esta rua
Se esta rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhantes
Para o meu
Para o meu amor passar.

Nesta rua

Nesta rua, nesta rua
Te um bosque que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele, dentro dele
Mora um anjo
Que roubou, que roubou
Meu coração.

Se eu roubei , se eu roubei
teu coração
tu roubaste, tu roubaste
o um também
se eu roubei, se eu roubei
teu coração
é porque, é porque
te quero bem.


Macaco torrado

Panela no fogo
Barriga vazia
Macaco torrado
Que vem da Bahia
Panela de doce
Pra dona Maria.

Serra , serra serrador
Serra a madeira do seu senhor
Serra em cima e em baixo
Serra madeira do velho Inácio.

Marra-marra , Tim
Carneirinho.
Marra-marra, Tim
Carneirinho.

Palma, palminha.
Palminha da Guine
Pra quando papai vier.
Mamãe dá papinha
Vovó bate o cipó
Na bundinha do neném.

Lá vai a garça voando
Com as penas que Deus lhe deu
Contando pena por pena
Mais pena padeço eu.

Você diz que me quer bem
Eu também quero a você
Onde tem fogo tem fumaça
Quem quer bem logo se vê.

Papagaio come milho
Periquito leva a fama
Cantam uns e choram outros
Triste sina é de quem ama.

O bicho pediu sertão
O peixe pediu fundura
O homem pediu riqueza
A mulher formosura

Mandei fazer um barquinho
Da casca de camarão
O barquinho saiu pequeno
Só coube meu coração .

O formoso pica-pau
Que do pau fez um tambor
Foi tocar alvorada
Na porta do seu amor.

Sou pequenina
Criança mimosa
Trago nas faces
As cores da rosa.

Vamos dar a despedida
Como deu a saracura
Foi andando, foi dizendo:
__ Mau de amores não tem cura.


Manjericão miudinho
Salpicado de ABC
Meu coração só pede
Que eu me case com você.

Não há homem como o rei
Nem a mulher como a rainha
Nem carne como a de boi
Nem comer como farinha.

Batatinha quando nasce
Deita a rama pelo chão
Mamãezinha quando canta
Põe a mão no coração .

Sou pequenina
Da perna grossa
Vestido curto?...
Papai não gosta.

Meu pintinho amarelinho

Meu pintinho amarelinho
Cabe aqui na minha mão
Quando ele quer comer bichinho
Com seu pezinho ele cisca o chão

Ele bate as asas Ele faz piu piu
Mas tem muito medo é do gavião
Ele bate as asas Ele faz piu piu
Mas tem muito medo é do gavião

Como vai amiguinho

Como vai amiguinho como vai
Da nossa amizade nunca sai
Faremos o possível
Para sermos bons amigos
Como vai amiguinho como vai

Como vai professora como vai
Da nossa amizade nunca sai
Faremos o possível
Para sermos bons amigos
Como vai professora como vai


A formiguinha.
Fui ao mercado comprar café
Veio a formiguinha e subiu no meu pé.
Eu sacudi, sacudi, sacudi.
Mas a formiguinha não parava de subir.

Fui ao mercado comprar batata roxa
Veio a formiguinha e subiu na minha coxa.
Eu sacudi, sacudi, sacudi.
Mas a formiguinha não parava de subir.

Fui ao mercado comprar mamão
Veio a formiguinha e subiu na minha mão .
E eu sacudi, sacudi, sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir.

Fui ao mercado comprar jerimum
Veio a formiguinha e picou o meu bumbum
E eu sacudi, sacudi, sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir.

Rebola, bola.

Rebola, bola
Você diz que dá, que dá.
Você diz que dá na bola.
Na bola você não dá.

Eu sou carioca da gema.
Carioca da gema do ovo.

Rebola bola.
Você diz que dá, que dá.
Você diz que dá na bola.
Na bola você não dá.

Rebola pai, rebola mãe .
Rebola filha
Eu também sou da família
Eu também quero rebolar

Eu sou mineira de Minas
Mineira de Minas Gerais.

Boi da cara preta.

Boi, boi,boi.
Boi da cara preta
Pega está menina
Que tem medo de careta.

Não, não , não .
Não pega ela não .
Ela é bonitinha
E mora no meu coração.

Boi, boi, boi
Boi da cara preta.
Pega este menino
Que tem medo de careta.

Não, não, não
Não pega ele não.
Ele é bonitinho
E mora no meu coração.

Mariquinha.
Mariquinha não vá com os outros.
Mariquinha não vá pra lá.
Mariquinha fica comigo
Que eu tenho um negócio pra te contar.

Não adianta me pedir
Não adianta me implorar.
Com você eu já sofri.
Eu não quero mais ficar.

O marinheiro
O marinheiro, marinheiro,
marinheiro só.
Quem te ensinou a navegar?
Marinheiro só.
Foi o balanço do navio
Marinheiro só
Ou foi o balanço do mar?
Marinheiro só.

Lá vem , lá vem marinheiro só.
Como ele vem faceiro,marinheiro só.
Todo de branco, marinheiro só.
Com o seu bonezinho, marinheiro só.

Cabeça, barriga, perna e pé.

Cabeça, barriga, perna e pé.
Perna e pé.
Cabeça, barriga, perna e pé.
Perna e pé.
De cabo a rabo
Quero ver como é que é.
Cabeça, barriga, perna e pé.
Perna e pé.

Cai, cai balão.

Cai, cai balão.
Cai, cai balão.
Cai aqui na minha mão.
Não cai, não cai não
Não cai não
Cai na rua do sabão.

Capelinha de melão.
Capelinha de melão.
É de são João
É de cravo é de rosa
É de manjericão.
São João está dormindo
Não acorda não
Acordai, acordai
Acordai João.

Calango dê, calango dá.
Calango dê te re re
Calango dá te re re
Como é que fica te re re
Como é que ta.

Dentro da viola tem
Dentro da viola tá
Duas pererecas secas
Pra canta calango dá oi!

Calango de te re re
Calango dá te re re
Como é que fica
Te re rê como é que ta

Meu gogó comeu farinha
Meu gogó comeu fubá
Meu gogó subiu pra riba
Meu gogó não quer voltar.

Calango dê te re re
Calango dá te re re
Como é que fica
Te re rê como é que ta

Violão fosse gente
Que gostasse de cantar
Abandonava as modinhas
Pra cantar calango dá .oi!

Piui, piui , piui.

Piuí, piuí, piuí.
Coloca a mão no meu ombro
Piuí, piuí, piuí.
Não deixa o trem descarrilhar
Piuí, piuí, piuí.
Coloca a mão no meu ombro.
Piuí, piuí, piuí.

Eu sou a máquina e vocês são os vagões .
Os passageiros são os nossos corações.

Eu sou pobre

Eu sou pobre, pobre, pobre
De marre, marre, marre
Eu sou pobre, pobre, pobre
De marre merci.

Eu sou rico, rico, rico
De marre, marre, marre.
Eu sou rico, rico, rico
De marre merci.

Prenda minha

Vou me embora, vou me embora.
Prenda minha tenho muito o que fazer.
Vou me embora, vou me embora.
Prenda minha tenho muito o que fazer.

Tenho de ir para o rodeio
Prenda minha no campo do bem querer
Tenho de ir para o rodeio
Prenda minha no campo do bem querer.

Noite escura, noite escura.
Prenda minha toda noite me atentou.
Noite escura, noite escura.
Prenda minha toda noite me atentou.

Quando foi de madrugada
Prenda minha foi-se embora e me deixou.
Quando foi de madrugada.
Prenda minha foi-se embora e me deixou.

São João da ra rão

São João da ra rão
Tem uma gaita ra raí ta
Quando toca ra ro ca bate nela
Todos os anjos jan ran ran jos
Tocam gaita ra raí ta
Tocam gaita ra raí ta aqui na terra

Ma ria tu vais ao baile
Tu leva o chalé que vai chover
E depois de madrugada
Toda molhada tu vais morrer

Maria tu vais casares
E vou te dares os parabéns.
Vou te dares uma prenda
Saia de renda e dois vinténs.

A pulga e a bicharada.
Pulga toca flauta
Perereca toca violão
O piolho pequenino.
Também toca rabecão.
Pulga mora embaixo
Percevejo mora ao lado
Piolho pequenino
Também mora no telhado.

Lá vem a dona pulga
Vestidinho de balão
Dando braço ao piolho
Na entrada do salão.

Olé mulher rendeira.

Olé mulher rendeira
Olé mulher renda
Tu me ensina a fazer renda
Que eu te ensino a namorar.
Tu me ensina a fazer renda
Que eu te ensino a namorar.

As moças de vila bela
Não tem mais ocupação
É só ficar na janela.
Namorando lampião.
As moças de vila Bela
Não tem mais ocupação
É só ficar na janela
Namorando Lampião.

Acende a fogueira

Um balão vai subindo
Vai caindo a garoa
O céu é tão lindo
E a noite é tão boa.

São João, são João.
Acende a fogueira do meu coração .
São João, São João.
Acende a fogueira do meu coração.

A carrocinha
A carrocinha pegou
Três cachorros de uma vez.
A carrocinha pegou
Três cachorros de uma vez.

Tra lá lá que gente é essa.
Tra lá lá que gente má.
Tra lá lá que gente é essa.
Tra lá lá que gente má.

Minhoca

Minhoca, minhoca.
Me dá uma beijoca.
Não dou, não dou.
Então vou roubar.

Minhoco, minhoco.
Você ta ficando louco.
Você beijou errado
A boca é do outro lado.

O rato
Romeu vê o rato na rua.
Roc...roc...roc...roc...
O rato roi a roda de Rita.
O rato roi a rede da vovó.
Romeu fala:
__Olá! Rato levado!

Jabó é o cavalo de vovô.
Ele tem um ano.
Jabó galopa:
Pacata, pacata, pacata...
Ele come capim.
Agora ele bebe água.
E vai dormir na mata.

O caqui
Quico viu o caqui na pia.
__O caqui é meu, titia?
__O caqui é da Chiquita.
Quico pegou o caqui.
Na sala, Quico escorregou e caiu.
E o caqui voou pela janela.
Quico falou:
__Que pena! O caqui sumiu!


O gato levado

Miau...miau...miau...
O gato da vovó caiu no buraco!
Coitado!Vera pega o gato e leva para a sala.
Ela dá leite para ele.
O gato vê a gaiola na parede.
Ele pula na cadeira e derruba a gaiola.
Vera chama o gato.
Ele vai para o mato.
Vera coloca a gaiola na parede.
Como o gato da vovó é levado!

A gata

Olhem a Mimi!
Mimi é a gata de Guto.
Mimi mia... mia... mia...
Ela tem o pelo macio como o veludo.
Mimi brinca com a bola.
__Que gata safada!


O papagaio.
Mauro tem um papagaio.
O papagaio fica na gaiola.
Um dia a gaiola pegou fogo.
O papagaio falou:
__ Ajuda, Mauro! Apaga o fo-fogo!Apaga lo-logo!
Mauro acudiu e disse:
__ Sai logo, papagaio gago!
Coitado do papagaio!
Ele levou um susto danado!


Sueli e o sapo.

O sapato de Sueli sumiu.
Ela falou:
__Papai, meu sapato sumiu.
__Eu sei. Eu vi o seu sapato no mato.
Sueli foi ao mato.
Ela viu o sapo no seu sapato.
O sapo pulou do sapato de sueli

O papagaio.
Mauro tem um papagaio.
O papagaio fica na gaiola.
Um dia a gaiola pegou fogo.
O papagaio falou:
__ Ajuda, Mauro! Apaga o fo-fogo!Apaga lo-logo!
Mauro acudiu e disse:
__ Sai logo, papagaio gago!
Coitado do papagaio!
Ele levou um susto danado!

Qual o seu comunicador instantâneo preferido: